Roth não mudou nada - aliás, quem achava que iria mudar alguma coisa?
O time continua desarrumado taticamente, jogadores insuficientes seguem sendo escalados e as derrotas seguem sendo empilhadas ao natural.
A "canaleta central" do Grêmio de ontem foi impressionante: Rafael Marques, William Magrão e André Lima. Com este último até terei um pouco mais de paciência, já que enquanto não houver esquema pra municiar ele com jogo aéreo, principalmente, pouco ou quase nenhuma culpa ele terá na falta de gols. Agora, os outros dois é chover no molhado...
Foi um jogo sofrível, com a comprovação dentro do campo de tudo aquilo que se anunciava já quando da eleição de Odone e seus companheiros, antes mesmo de assumirem. O clube está destroçado, o time, desorganizado.
A nossa política de futebol é não ter política de futebol.
Até Victor vem se materializando num goleiro fraco, que não passa segurança nenhuma.
Como pode?! O cara era um fera! Certo que é fora de campo o problema. Certo que tem a ver com a preparação. Só pode ser.
Então, a equação é simples: direção ruim - política de futebol + equipe técnica meia boca + jogadores insuficientes = péssimo futebol. Ao que se soma, portanto, uma nova equação, também bem simples: péssimo futebol - 18 times melhores = REBAIXAMENTO.
Sim, é bem simples. Precisamos ser melhores do que 4 times no campeonato. Mas há a dúvida de que sequer seríamos melhores do que 2!
América-MG e Avaí parecem ser os piores times do Brasileirão, mas ambos vieram ao Olímpico e arrancaram dois empates da gente, tendo, no confronto direto, a volta em seus domínios. O Atlético-GO pra mim é incógnita, vamos ver no domingo. Atlético-PR vem subindo de produção e conseguindo bons resultados sob a batuta do Renatão. O Atlético-MG é quase igual a gente, mas tem melhores jogadores em seu elenco e também veio aqui em Porto Alegre e saiu com um empate. O Santos não pertence àquela posição. O Ceará nos deu uma sapatada bem facinho. Bueno, sobra o Bahia, o único que vencemos desses que parecem ser nossos adversários diretos nesta luta inglória. O resto não vem pra festa do porão do campeonato. Talvez o Figueirense apareça de penetra...
E aí? Dá pra dizer que o Grêmio é melhor do que 4 desses times aí?
A situação é desesperadora. Nosso presidente pode entrar para os anais do futebol brasileiro, rebaixando um time no ano em que ele tem provavelmente a maior folha salarial de sua história - entrando, assim, também nos anais da torcida Tricolor.
Vamos nos preparando.
4 comentários:
No ano passado, quando da eleição para o conselho, fiquei desesperado com a ausência de debate para a presidência, eu via o Odone lá no fundo. O lado bom da força não consegui montar uma saída e estamos pagando caro por esse buraco. Lembra que a terceira via se recusava realizar tal discussão?
O que mais dói não é perder. O que mais dói é que perder não dói mais. Quando deixa de doer, você pode estar morto ou anestesiado. No futebol, morrer é abandonar um time. Anestesiar-se é simplesmente não se importar mais a ponto de os resultados fazerem uma diferença concreta. Ainda fico me lastimando ao ver, como ontem, que o Grêmio levou três do Ceará, então acho que não estou morto. Há quem diga que essa indiferença contida é maturidade. Que o destino de um time de futebol não pode determinar os humores e esperanças da vida. Eu digo que quem diz isso não entende da vida.
O dia em que tínhamos futuro vai ficando mais distante a cada jogo. Quando notamos, já faz meia década que fomos convocados para construir o amanhã. A campanha de associação massiva de 2006, bem-sucedida ao usar a frustração pelos títulos do Inter para convencer os gremistas da possibilidade reiniciar um ciclo vencedor, funcionou porque realmente se acreditava nisso. Porque o Olímpico enchia com a maior média de público do Brasil, em campo havia uma equipe que correspondia a essas intenções e, mesmo com o maior rival ganhando tudo, não perdíamos a concentração no nosso objetivo. Não esmorecíamos. Tínhamos chegado fundo demais para desistir agora que nossas unhas pareciam capazes de se firmar nas paredes do poço e nos sustentar até a saída.
Sempre haverá controvérsia quanto ao momento exato em que começamos a escorregar de volta e espernear não servia mais para impedir que se tocasse a água lá embaixo novamente. Foi em algum momento a partir de 2009. Quando percebemos que não se vivia nem se jogava aquela Libertadores com o espírito de dois anos antes, quando Autuori determinou que o descompromisso era nossa nova doutrina, quando a displicência se tornou comum e quando os julhos passaram a se repetir – 2009, 2010, 2011 – como meses que terminavam com os gremistas sabendo que não poderiam mais erguer taças e com a espera pela temporada seguinte se tornando a maior obsessão.
Não sei em que ponto nossas mãos perderam o contato com as paredes e nosso estado anímico entrou em queda livre, mas sei com certeza em que noite já não restavam dúvidas de que havíamos encostado o fundo outra vez. Eu estava lá, sob uma tempestade cataclísmica, no empate do Grêmio com o Vasco no meio do ano passado. Com pouco mais de quatro mil pessoas na cancha, aquele jogo era o de menor público em casa desde o retorno à Série A. A chuva ajudou a explicitar o abandono. Era uma época em que, quatro anos depois das paradoxais esperanças de 2006, o Grêmio voltava ao rebaixamento e o Inter estava a ponto de ganhar outra Libertadores, o futuro tinha chegado e os esforços se revelado inúteis. O único consolo naquela noite seria a demissão de Silas, e nem isso aconteceu.
Só que o problema nunca foi apenas Silas, Autuori, a teimosia de Celso Roth ou a teocracia-governada-pelo-próprio-deus de Renato. No Beira-Rio, Abel Braga e aquele Roth, dois que aparentavam ser fadados a fracassos, ergueram a Libertadores. Tite saiu do seu declínio pastoral para levantar uma Copa Sul-Americana. E mesmo que um título de dois jogos não guarde maiores méritos ao treinador, até o inexpressivo Gallo triunfou numa Recopa. Desde Felipão, parece haver nos gremistas a crença simplista de que o treinador está acima de todas as outras instâncias como condutor de um período glorioso, como se uma grande equipe e uma estrutura bem montada não se atrelassem à vitória. É um equívoco que a própria história do Grêmio desfaz – a Copa do Brasil de 97, com Evaristo de Macedo no banco, veio muito mais pelo aproveitamento do último fôlego da máquina armada nos anos anteriores do que por alguma genialidade do treinador.
Enquanto buscamos a solução mágica, ora esperando um mês e meio durante uma Libertadores para a chegada de um treinador cujo sucesso era de qualquer forma incerto, ora abdicando de montar um elenco para gastar energias tentando contratar um craque decadente que já traíra o Grêmio uma vez, a pasmaceira se tornou o estado habitual. Os gremistas se acostumaram à falta de ambições. O espírito de que ir à Libertadores já está bom culminou com a campanha de time boliviano feita em 2011 – a primeira em muitos anos na qual se sabia, desde o início, que não havia condição alguma de brigar pelo título. O mais grave era se ter conhecimento disso e encarar como normal.
Há quem diga que essa indiferença contida é maturidade. Que o destino de um time de futebol não pode determinar nossos humores e esperanças. Repito que quem diz isso é estúpido. O futebol pode não importar tanto, mas perder o gosto por uma equipe é perder para sempre um dos lados mais fascinantes e apaixonantes da vida. Eu vi como meu agora falecido bisavô, noventa anos e pico e quase cego pela catarata, saiu à porta de sua casa para acompanhar a insanidade dos festejos após o feito dos Aflitos em 2005 – com uma existência inteira de Grêmio e títulos muito maiores na conta, mas talvez percebendo internamente que ali não se tratava do tamanho da conquista.
Era algo infinitamente maior. Dizia respeito ao coração. A essência do que o argentino Walter Saavedra escreveu em seu poema futbolero “Nunca Jamás”. ¿Cómo vas a saber lo que es el amor? Si nunca te hiciste hincha de un club. O discurso da maturidade e do distanciamento é uma estupidez. Mas o Grêmio leva três do Oriente Petrolero ou do Ceará, vê seu único projeto atual de ídolo falhar jogo após jogo, e tudo nos tem ferido cada vez menos. No máximo, nos chateamos. Não sentimos. Não choramos. Não nos emocionamos. Não dói. Não como já nos doeu.
Ninguém demora tanto tempo para acordar de uma anestesia.
Morrendo rapidamente,
Maurício Brum
Agora mesmo quando Roth assumiu o Odone deu uma entrevista paradigmática e com um ato falho que diz muito: "Agora com Celso Roth, Pelaipe e Paixão eu fico tranquilo, se eu não estiver por perto eventualmente, mesmo assim tudo correrá bem!" Estava avisando que seguirá no meio turno de trabalho: presidente meia boca é isso aí. FORA ODONE!
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