segunda-feira, 30 de abril de 2012

Uma ida a Maceió vale a pena

Estive uma semana pela terra dos Collor de Mello.
Um lugar interessante. Lindo, mas muito triste.
Socialmente falando, diferencia-se daqui por não haver uma zona de amortecimento grande entre os exploradores e explorados, que é a classe média. Lá, o contraste é quase puro e salta aos olhos - os ricos são ricaços e ostentam mesmo, e os pobres, muito pobres, abandonados pelo poder público e lutando diariamente pela dignidade própria.
Afora o turismo antropo-social, dá pra dar uma curtida nas praias, que ainda são fantásticas, mas que estão aos poucos sendo cada vez mais banhadas pelo cocô e mijo vindo dos empreendimentos imobiliários às margens do oceano, de direito dos exploradores e de dejetos socializados, sem tratamente algum.
A dança das marés é incrível, deixando praias como a Pajuçara, central, de um jeito pela manhã e de outro na tarde. Dá pra caminhar longe no mar e ver os arrecifes e piscinas naturais que emergem.
Ao sul, já em outro município, tem a Praia do Francês - sensacional!
Se eu voltar, é lá que vou ficar novamente - a Pousada Trilha do Mar é excelente pedida.
As águas não são tão judiadas, até que siga a resistência da população local nas audiências públicas, parece que vai permanecer assim por algum tempo mais. Tem mata de restinga nativa, ao lado de uns coqueirais, onde deu pra ver umas famílias de sagüis e um monte de pássaros diferentes.
No mais, claro, a exploração do turismo vai ruindo tudo ao redor.
Ah, e o mercado da produção, no centro da cidade de Maceió, é o cenário do horror...

Praia da Sereia, ao norte.

Ipioca, ao norte.

Francês.

Francês.

Francês.

Pouco futebol, poucas palavras sobre o Grenal

O Grêmio está a cara de sua direção: insípido, inodoro e incolor.
Sem raça, sem vontade, só exercício de futorologia, pensando na tal da arena.
Aliás, sigo com minha previsão pessimista de que, seguindo nessas mãos, o novo estádio será o fim do clube Grêmio.
Do jogo, ficou a má escalação por Luxemburgo, a certeza de que o interzinho não é tão bom assim e de que sem base não se monta time.
Quer dizer, ou partimos de novo do zero, formando lá de baixo num planejamento de uns 5 anos pelo menos, ou seguiremos no nada, como um atlético mineiro ou botafogo da vida...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Rapsódia em um dia chuvoso

A noite promete. Está tudo organizado. A festa, preparada há um bom tempo, vem para coroar um belo trabalho. Muita gente confirmada. Gente legal. Gente que vale a pena. Numa casa noturna, num bairro boêmio da cidade, o som toca e todo mundo se diverte. Ele é só sorrisos. Observa tudo e a todos. Uma sincronia absoluta, tudo dando certo. Que mais ele poderia querer? De repente, se perdendo em uma roda de dança, a música o chama para o centro. Lá, ele encontra ela. Os dois dançam, mal se olham, sentem a música. E vem o beijo. Sem avisar. A música termina. A festa. A noite. Quanto tempo durou aquele beijo? 10 segundos? Minutos? Horas? 10 anos? Hoje, caminhando como um clichê ambulante pelas ruas chuvosas da cidade, ele tenta lembrar. Nunca vai saber ao certo, mas abre um sorriso e pensa que todo mundo deveria sentir um beijo daqueles...

sábado, 14 de abril de 2012

Nando Reis: agulha no palheiro da música brasileira

Dá até para dizer que o cara faz músicas "fáceis", de acordes simples, previsíveis até. Mas o mérito do ex-Titãs não reside na complexidade ou na vistuosidade das suas melodias, pelo contrário, o som dos instrumentos é como se fosse uma cama bem feita para o deitar do corpo de lindas letras, poesias de frases fantásticas, que descrevem sentimentos tão sensivelmente.
Num momento de total podridão da música brasileira, se multiplicando o non sense nas letras e temáticas estapafúrdias, Nando Reis faz-se cada vez mais importante, como um Segundo Sol no horizonte.
As suas músicas há muito tempo vêm povoando o imaginário do pop rock nas vozes de diversos outros intérpretes, como Cássia Eller, por exemplo. Aliás, o cara sempre foi meio low profile mesmo, aparecendo pouco. Ultimamente, de uns 5 anos pra cá que parece ter dado mais atenção a sua carreira solo e vem surpreendendo àqueles que não vão atrás dos autores das músicas, achando que o sonzinho bacana é mesmo da bandinha aquela que tá tocando na rádio das massas...
Nando Reis deve estar rico hoje, só nos jabaculês dessas bandas, mas segue firme e forte, com personalidade, cantando de verso em prosa.
Seguem duas de suas composições que ele tocou no Luau MTV há 5 anos.


Luz dos Olhos

Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Um dia pra esses olhos sem te ver
É como chão no mar
Liga o rádio à pilha, a TV
Só pra você escutar
A nova música que eu fiz agora
Lá fora a rua vazia chora?

Pois meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
Pus nos olhos vidros para poder
Melhor te enxergar
Luz dos olhos para anoitecer
É só você se afastar
Pinta os lábios para escrever
A sua boca em minha?

Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a lua irradia a glória
E eu te chamo, eu te peço: Vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também!

Passo as tardes pensando
Faço as pazes tentando

Te telefonar

Cartazes te procurando
Aeronaves seguem pousando
Sem você desembarcar
Pra eu te dar a mão nessa hora
Levar as malas pro fusca lá fora?

E eu vou guiando
Eu te espero, vem?
Siga onde vão meus pés
Porque eu te sigo também.
E eu te amo!
E eu berro: Vem!
Grita que você me quer
Que eu grito também!
Hei! Hei!?

*(E eu gosto dela
E ela gosta de mim
Eu penso nela
Será que isso não vai ter fim?)


Resposta

Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...

Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
Ainda espero
Resposta...

Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...

Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...

Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...

Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...

Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou...

Dos versos seus
Tão meus que peço
Dos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...(2x)

Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...

Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...

Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...(3x)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pandorga ao nascer da Lua e ao pôr-do-Sol

A oeste, o astro-rei, fonte da vida, se indo mais um dia, deixando um azul-amarelo de cair o queixo. A leste, a Lua dos poetas, cheíssima, aproveitando para também observar o Sol se por.
Incrível momento captado de cima do Morro do Osso na última sexta-feira.
Pra comemorar, mandamos ao norte uma pandorga, cheia de esperança, que devia estar lá em cima observando tudo isso muito melhor que a gente.
Sensacional.



Plantar maconha é questão de saúde e segurança

Se fosse descriminalizado o plantio de cannabis por quem quisesse usufruir da planta, imagino que se reduziria e muito os índices de violência relacionados ao tráfico da erva. Me parece óbvio isso.
Outra questão é relativa à saúde, já que o consumo do baseado vendido nas ruas é acompanhado de uma série de químicos que se colocam nos "tijolos" pra conservação.
Daí vem uma galera medindo a performance do fumo pela "batida" que algum desses químicos gera.
É muito diferente experimentar um puro - muito mesmo.
Na Argentina já existe liberação de se plantar 2 pés por pessoa, no Uruguai, se não me engano, a legislação também favorece, agora, no Brasil...
Bueno, como aqui se costuma muito imitar as zoropa e os esteites, quem sabe com esta notícia que coloco aqui abaixo não se começa a brilhar a cabeça dos iluminados que comandam as leis deste país?

- Plantio de maconha em grande escala passa em referendo na Catalunha

segunda-feira, 9 de abril de 2012

The Velvet Underground

Vasculhando minha memória musical, depois de perder minha coleção de mp3, pra recompor só com as que considero clássicas, com discografias completas, lembrei de Lou Reed e, claro, de Velvet Underground.
O cara que acompanhava o movimento do camaleão David Bowie sempre parece um pouco esquecido quando a galera fala de rock and roll - claro, não por aqueles que exploram mais profundamente a temática, mas de quem procura se segurar no "senso comum" de Beatles, Stones, Led, Pink...
Pois baixei a discografia agora há pouco. Tá vindo também a do Lou Reed solo...
O cara vai ouvindo e encontra uma pérola atrás da outra.
Abaixo, uma palhinha, Oh! Sweet Notin`.
Sensaça.


Say a word for Jimmy Brown
He ain't got nothing at all
Not a shirt right off his back
He ain't got nothing at all
And say a word for Ginger Brown
Walks with his head down to the ground
They took the shoes right off his feet
And threw the poor boy right out in the street

And this is what he said
Oh sweet nuthin'
She ain't got nothing at all
Oh sweet nutin'
She ain't got nothing at all

Say a word for Polly May
She can't tell the night from the day
They threw her out in the street
But just like a cat she landed on her feet
And say a word for Joanna Love
She ain't got nothing at all
'Cos everyday she falls in love
And everynight she falls when she does

She said
Oh sweet nuthin'
You know she ain't got nothing at all
Oh sweet nuthin'
She ain't got nothing at all

Oh let me hear you!

Say a word for Jimmy Brown
He ain't got nothing at all
Not a shirt right of his back
He ain't got nothing at all
And say a word for Ginger Brown
Walks with his head down to the ground
They took the shoes, took the shoes from his feet, from his feet
And threw the poor boy right out in the street

And this is what he said
Oh sweet nuthin'
She ain't got nothing at all
Oh sweet nuthin'
She ain't got nothing at all
She ain't got nothing at all
Oh sweet nuthin'

She ain't got nothing at all
She ain't got nothing at all
She ain't got nothing at all

terça-feira, 3 de abril de 2012

Céu de Outono

Por entre as nuvens vem brilhando o sol.
A luz num ar mais cristalino.
O calor já não é tão intenso.
E o vento sopra mais leve.

domingo, 1 de abril de 2012

Valsa com Bashir - uma ode à crise de consciência israelense

Um filme lindo.
Uma animação muito boa.
Um tema polêmico.
Os israelenses perpetraram na década de 1980 um dos piores eventos de terrorismo de Estado da contemporaneidade quando invadiram o Líbano, Beirute.
Neste filme, acompanha-se um ex-soldado que bloqueou de sua memória os massacres e que vai, aos poucos, redesenhando os caminhos de sangue que ele traçou.
Cristão e Judeus massacrando palestinos.
A troco de quê, mesmo?



Mais um soco no estômago...

A poesia está morta, e eu sou puro rock and roll

Zeca Baleiro é um grande cantor e compositor popular brasileiro.
Transita por diversos estilos. Sampleia, mas é original.
Não que tenha criado um estilo, pelo contrário, pela combinação de estilos é que se torna algo novo. E já faz tempo.
Um dos seus melhores álbuns é o Pet Shop Mundo Cão.
Quando conheci, não parava de escutar Telegrama.
Mas, hoje, ouço tudo com muito gosto.
Aqui embaixo, duas das minhas preferidas.
Grande poeta, que não matou a poesia...


Fiz esta canção

pra que que eu vou cantar
se você não vai escutar
a voz do coração
deste compositor popular
não não não vou chorar
se bem que eu tinha razão
mas isso não é bossa nova
nem samba-canção
só quero que você
seja minha ouvinte
mas você não me dá ouvidos
então é o seguinte

fiz essa canção só pra você
mas pra quê?
se você gosta só de mpb
e eu sou puro
puro rock'n'roll
com meus três pobres acordes
meu bem acorde
venha ver meu show


Mundo dos Negócios

baby
vem viver comigo
no mundo dos negócios
traz o teu negócio
junto ao meu negócio
vamos viver do comércio barato
de poemas de amor

baby
o que mais importa
a poesia está morta
mas juro que não fui eu
tudo à minha volta são reclames
desejos
vãos
e sóis
tudo à minha volta são reclames
desejos
vãos
e só

baby
vamos ao cinema
a vida é cinema
já vi esse filme
sempre o mesmo filme
canções de amor se parecem
porque não existe outro amor

Link para um torrent com a discografia completa do Zeca, aqui