segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Eu gostei da estréia do Grêmio, mas a Brigada Militar estragou o espetáculo

Fui ao jogo em Pelotas.
É um belo estádio a Boca do Lobo, com capacidade bem certinha para a cidade.



Mas houve diversos problemas, muita violência, confusão.
Culpa de quem???
Única e exclusivamente da Brigada Militar.
Impressionante o despreparo, a desorganização, a impaciência e a falta de trato com as pessoas que têm os brigadianos.
Um amigaço nosso de Pelotas, que passou 4 anos na corporação, ao final do jogo e conosco presenciando cenas de barbárie perpetradas pelos policiais soltou essa: "Éramos treinados para ver a sociedade como inimiga. Quem não fosse policial era vagabundo".
Já nem perplexidade tínhamos mais ao ver as cenas insanas de espancamento que alguns brigadianos insistiam em protagonizar.
Totalmente fora de controle.
Para se ter uma idéia, este era um jogo para 20 mil pessoas (um público que representa pouco mais de 5% da população de Pelotas - ou seja, pelas proporções do local, por ser, inclusive, no Centro, um evento grande).
Estávamos em 5. Chegamos às 13h - com o jogo a começar às 17 horas -, pois precisávamos ver a possibilidade de entrar com dois Tambores de Sopapo na arquibancada e acessar o gramado para filmá-los para um projeto de documentário que estou dirigindo.
Nos mandaram ir ao quartel falar com o capitão, responsável pelo evento e que comandava a abertura dos portões da Boca do Lobo. Com o clube, conseguimos carta branca na hora. No quartel, solicitaram que retornássemos depois das 14h.
"14h?! Mas o jogo é às 17...". Bom, vai dar tempo!
A informação de que os portões abririam-se somente às 15h nos assustou e nos deixou apreensivos se conseguirímos, enfim, entrar com o material no estádio com tranquilidade e fazer as poucas imagens de que necessitávamos.
Preocupação esta totalmente confirmada quando retornamos ao quartel pelas 14:45 e o capitão não estava ainda no local. Decidimos aguardar e procurá-lo a partir das 15h no portão principal de entrada do estádio.
E lá fomos à frente do estádio, já tapada de filas que davam voltas em praças e quarteirões. 15h e nada de portões abrirem, nada de se encontrar o capitão. 15:15 e nada de portões abrirem, nada de capitão - "Ele está dando as orientações ao batalhão", nos informou um atencioso policial. 15:30 e os portões se abrem, mais 15 minutos e achamos o capitão. Ele nos liberou, mas a confusão era tremenda, o tempo era tão exíguo que se tornava impossível acessar o estádio com 2 tambores de grande porte naquele momento.
Relaxamos, compramos umas cevas e fomos para a fila para curtir o jogo.
Fui entrar no estádio com 35 minutos de bola rolando, sozinho. Meus amigos desistiram e "morremos" com 4 ingressos na mão (a grana voltou hoje).
Cagada total da Brigada Militar que deveria ter liberado o acesso ao estádio no mínimo às 14h - 13:30 seria perfeito.

O JOGO
O que assisti da partida foi um domínio total do Tricolor sobre o esforçado Pelotas.
Divirjo por completo com quem diz que o Grêmio somente se impôs quando ocorreu a primeira expulsão de um jogador adversário - pra mim essa observação é coisa de mal intencionado.
O Grêmio esteve perto de descontar ainda no primeiro tempo, mas desceu ao vestiário com a desvantagem de dois gols.
Na volta, minha grande surpresa: Silas, talvez por sua formação enquanto jogador ter ocorrido na década de 1980, retorna com um 4-3-3, retirando Henrique da lateral direita, relocando Ferdinado para aquele lado e colocando Jonas no ataque juntamente a Borges e Leandro.
Excelente leitura do jogo fez o nosso treinador.
De início, achei preocupante manter apenas um volante - Adílson - no meio, como um clássico camisa 5, um centro-médio na mais pura acepção da palavra. Mas observando que o esquema ora variava para um 3-4-3, foi possível perceber uma dinâmica que amarrou o fraco Pelotas em seu campo de defesa e permitiu amassar o adversário até virar o jogo ao natural.
Ah, e, claro, ajudou muito o fato de que Adílson fez disparado a sua melhor partida com o manto Tricolor, sendo, em minha opinião, disparado o melhor em campo.
Foi muito interessante perceber como funcionavam Souza e Hugo - outro grande destaque - na movimentação do jogo, fazendo seguidamente o pivô com Borges e abrindo o campo às subidas dos laterais.
Essa situação, inclusive, fez perceber que nossa maior fraqueza, pelo menos na amostra deste primeiro jogo, são os laterais. Fábio Santos esteve muito mal, Ferdinando melhorou o lado direito, mas nota-se que não tem o cacoete para aquela posição. Lúcio veio bem, mas, e daí destaco, sim, o maior benefício que tivemos com as expulsões, pegou um lado direito fragilizado do Pelotas.
Bom, gostei do que vi, ainda mais que, pelo meu ponto-de-vista, o Tricolor meteu 3 a 0, já que entrei após os gols do aurecerúleo.
Golaço do Borges.

Minha avaliação por jogador:
VITOR: vi o lance do primeiro gol do Pelotas pela TV. Fiquei com a impressão de que falhou. No segundo tempo, fez 2 grandes defesas e boas intervenções. Nota 7
HENRIQUE: muito lento. Nota 4
RÉVER: o Maldini dos pampas. Nota 8
RAFAEL MARQUES: o Materazzi dos pampas. Nota 7,5
FÁBIO SANTOS: irritante, errou todos os cruzamento. Nota 3
ADÍLSON: um verdadeiro leão. Tomou conta sozinho do meio campo. Correu para todos os lados, desarmou tudo o que pôde, não errou passes. Nota 10
FERDINANDO: pareceu ser um grande jogador. Jogou certinho, não errou, se movimentou muito bem pela ala direita e compôs na zaga o terceiro zagueiro permitindo variação de esquema durante o segundo tempo. Um coringa tático. Nota 8
SOUZA: vai crescer com Hugo ao seu lado, pois o piano não mais se carregará sozinho. É um jogador perigoso, mas precisa ser mais objetivo às vezes. Compôs bem o setor direito e ajudou nas trocas de passes do meio, que por vezes pareciam chatas e sem sentido, mas que abriram o caminho para os gols. Nota 7,5
HUGO: driblador, forte, foi o legítimo camisa 10. Melhor jogador do meio pra frente, abriu espaços em ambos os lados do campo e articulou muito bem as jogadas. Faltou o gol. Nota 9,5
LEANDRO: fôlego infinito, intensa movimentação, grande contratação! Nota 9
BORGES: fez muito bem o pivô. Perdeu algumas bolas bobas muito mais pela desvantagem físca, mas deu um giro perfeito no zagueiro e fez um golaço. Borges pode ser um diferencial na temporada. Nota 9,5
JONAS: perdeu um gol feito, daqueles que justifica dispensa de clube, foi um imbecil ao pegar a bola e resolver passar por cima do batedor oficial de pênaltis que era o Souza, cagou num passe no final que quase gerou um gol do Pelotas, mas movimentou bem o ataque. É um jogador mediano, de péssima finalização, 4 milhões de euros por ele seria perfeito! Nota 5
LÚCIO: excelentes passagens pela esquerda, bateu os melhores escanteios que tivemos, mas, na minha opinião, não é titular (aliás, gostaria que o Grêmio deste ano não usasse essa lógica de titulares e reservas). Nota 7,5
MAYLSON: em pouco tempo compôs bem o meio com Adílson e fez um gol. Nota 7,5

Dá-le!

3 comentários:

Joubert disse...

Vi mais o trabalho do Paixão nessa vitória do que o do Silas. A substituição do Jonas foi por lesão do Henrique e o time ganhou, na minha opinião, muito mais pelo cansaço do Pelotas do que por alguma substituição feita pelo nosso treinador.

Joubert

André Marins disse...

Guga, sou de Rio Grande e fui ao jogo, pena os fatos acontecidos com a torcida. Quanto ao jogo, concordo com tudo o que escreveste, principalmente sobre o Jonas, aliás, tu entendeu todas aquelas manchetes da imprensa "isenta" sobre ele? Teve cara que disse que o Grêmio é Jonas + 10! Pode? Sds tricolores

giovani montagner madruga disse...

para variar a brigada da yeda batendo em alguem....
eu ainda acho o Grêmio muito ofensivo e frouxo na marcação, ano passado já achava isso e esse ano continua igual. a frente da zaga precisa ser revista, o adilson e bom jogador só não sabe passar e isso atrapalha bastante a saída de jogo. temos o melhor goleiro em atividade no brasil, mas não podemos esperar que ele salve todas.
é cedo para ter uma opinião bem embasada, esperarei por mais jogos.