quarta-feira, 24 de março de 2010

Resumindo o Projeto Arena

Segundo li e ouvi nos resumos do que foi explanado sobre o Projeto Arena hoje pela manhã, as relações - de maneira bem simples - seriam mais ou menos estas:

Arena custa 400 milhões.
OAS banca inicialmente 55% deste valor (220 milhões).
O restante será financiado pelo Grêmio em 7 anos (180 milhões).
OAS recebe área do Olímpico e compra área do entorno de onde será construído o novo estádio (cerca de 28 hectares) para construir o que desejar - com os lucros destes empreendimentos sendo 100% da empresa.
Grêmio será dono apenas do terreno onde se levanta o estádio, tendo que "alugar" a arena por 20 anos por valores definidos em contrato (por exemplo, os sócios que vierem a receber descontos ou que entrarem de graça nos jogos deverão ter seus acessos subsidiados pelo Grêmio para a OAS - literalmente o Tricolor vai pagar os ingressos). Somente depois desse período é que o clube terá propriedade sobre o estádio - e tão somente sobre o estádio - e seus dividendos.

Num raciocínio simplório - correndo-se o risco de ser tachado de perigoso e manipulador - daria pra se observar o seguinte:
O Grêmio vende o seu patrimônio "área do Olímpico" para a OAS por 220 milhões de reais - em permuta, pela construção da arena - mais um terreno no Humaitá de cerca de 5 hectares (somente a área onde se levantará o estádio).
Depois, pagará em financiamento 180 milhões pela construção de um novo estádio para a OAS.
Esta concederá por 20 anos o uso do estádio ao Grêmio por preços definidos em contrato (um consórcio de 20 anos?) até que, findado esse período, passa-se a posse da arena ao Grêmio.
No final, abre-se mão de um estádio (o Olímpico), juntamente com as demais construções, e o terreno de 9 hectares em um bairro central e nobre da cidade (Azenha), e adquire-se uma dívida de 180 milhões por um terreno de 5 hectares no Humaitá mais um consórcio de um estádio por 20 anos.
Valor da arena para o Grêmio = área do Olímpico + 180 milhões + consórcio.
Se o valor desse consórcio a ser pago com as rendas e outros faturamentos da arena pelos 20 anos for de 220 milhões, então significa que a OAS vai levar de graça o terreno da Azenha, pois os 400 milhões a serem gastos com toda a construção da arena teriam sido pagos pelo financiamento mais o consórcio.
No final, teríamos um balanço assim:

Antes
- OAS: nada
- Grêmio: Olímpico e área da Azenha

Depois
- OAS: área do Olímpico, 180 milhões, área do Humaitá, consórcio
- Grêmio: terreno da arena

20 anos depois
- OAS: prédios e empreendimentos comerciais em área nobre na Azenha, shoppings, hotéis e centro empresarial no Humaitá no entorno da arena
- Grêmio: arena

É isso?
Vale mesmo a pena?

Há boas perguntas e respostas e comentários nos seguintes links (o melhor FAQ sobre a arena que encontrei):
- Perguntas e resposta sobre a arena 1
- Perguntas e resposta sobre a arena 2
- Perguntas e resposta sobre a arena 3
- Perguntas e resposta sobre a arena 4
- Perguntas e resposta sobre a arena 5
- Perguntas e resposta sobre a arena 6

8 comentários:

William disse...

Cara, completamente DESINFORMADO!!!! Gostaria de essclarecer alguns topicos...

1- Nao é o gremio quem financia, e sim a a empresa formada por OAS + GREMIO.

2- Grêmio receberá, nos primeiros 7 anos, um VALOR FIXO DE 7 MILHOES/ANO + 100% do LUCRO DA ARENA. Nos outros 13 anos, 14 MILHOES FIXO + 65% DO LUCRO.

Ou seja amigo, o Gremio alem de NAO PAGAR, ainda RECEBE da OAS durante os 20 anos. Sem falar na qualidade do estádio e nas receitas que gerará a mais que o olímpico e o infinitamente menor custo de manutenção.

OBS: que bom que a OAS tambem saia ganhando, pq é uma PARCERIA.

Abraço e Saudações tricolores

giovani montagner disse...

há tempos penso que o Grêmio é o laranja da oas para a construtora ter facilidades para construir o que bem entender nas áreas do humaíta e azenha, desrespeitando o plano diretor de porto alegre. nunca esquecendo da conivência dos políticos locais.
mas posso estar exagerando.

Guga Türck disse...

Olha, William, não é bem assim, não.
O financiamento de 45% da obra quem vai fazer é a Grêmio Empreendimentos - que, segundo me consta, será em sua maioria do clube Grêmio.
E, nos primeiros 7 anos, vai, com este dinheiro, pagar exatamente os 45% financiados pela GE.
Nos 13 restantes, o que seria parte do Tricolor (ou da GE?) vai servir para bancar esta modalidade de consórcio, que faz com que a OAS adiante o dinheiro da obra, mas que receba na sequência - inclusive com as rendas dos jogos (o lucro da arena, nestes 20 anos, sob esta modalidade contratual, jamais será 100% do Grêmio).
Pelo que entendi, no entanto, do que responde o Preis naquelas perguntas e respostas que indiquei é que, se o Grêmio conseguir o dinheiro antes do tempo, para quitar a parte da OAS, os direitos totais sobre a arena passam a quem? À Grêmio Empreendimentos ou ao Grêmio?
Na minha opinião esta é a grande questão, o grande "x" que definirá o futuro do Tricolor enquanto clube nou marca.
Lê lá naqueles links que passei e verás.

E, Giovani, isso que tu mencionas é o "y" da questão. O Grêmio virou laranja, sim, da OAS, para esta especular no mercado imobiliário porto-alegrense. Do ponto de vista do clube, no entanto, se confirmar que a propriedade toda, ao final, passar, sim, ao Grêmio, não à empresa Grêmio Empreendimentos, o negócio, no final das contas, não foi tão ruim, não. A não ser pela localização ridícula lá no Humaitá - em contrapartida à da Azenha.

Saudações Tricolores!

Guga Türck disse...

Só pra deixar claro.
Sei que o William trouxe de fonte oficial esses dados, mas acontece que tenho a interpretação de que esta verba "repassada" é a que vai quitar o financiamento da OAS, não?
Se não, seria como?
Bom, vou atrás de mais e mais informações ainda pra esclarecer isso e levantar na minha opinião aquilo que ainda me incomoda.

Abraços.

Hélio Sassen Paz disse...

Guga,

A Grêmio Empreendimentos não tem nada a ver com o Grêmio FBPA. Não há como sair dinheiro do clube para a obra. Tanto é que não existe a menor possibilidade de a OAS se apropriar das mensalidades dos associados (sócio = que divide a propriedade de uma empresa e lucra com ela; associado = pessoas que bancam o clube em troca de certos benefícios)

Isso não é uma defesa do projeto (sabes que sou contra o modelo de negócio). Porém, há advogados às pencas no Movimento Grêmio Acima de Tudo, do qual faço parte agora oficialmente e que tem uma série de restrições. O presidente Gabriel Fadel está em cima. O problema é que vários de nossos questionamentos ficam no ar, pois não houve resposta informal e nem jurídica adequada.

Dá uma olhada no comentário que eu fiz no Sempre Imortal e na resposta do Cacaio Azambuja, que é um conselheiro bem antigo e que está escrevendo um livro sobre a história dos direitos e obrigações dos associados do Grêmio em meio a diferentes modalidades em meio a algumas revisões da constituição federal e de sete alterações no estatuto do clube pra saberes o tamanho da ronha.

http://sempreimortal.wordpress.com/2010/03/24/conselho-deliberativo-4/#comments

Ah: diga-se de passagem, foram feitos, sim, quatro estudos para beneficiar o Grêmio. Mas o porquê de não terem feito uso deles (leia-se cúpula da GE menos o Fadel isto é, quem bate o martelo), não se sabe.

Cara, se tu retomares o Boteco Tricolor, te garanto que levo conselheiros pra debater a questão da Arena. Até mesmo o Preis se disponibilizaria a ir. O Fadel e o Evandro Krebs te dou quase certeza.

[]'s,
Hélio

William disse...

Guga e Helio

Realmente eu nao tenho nem conhecimento jurídico, nem uma "acessoria" nessa área que me permitam ler nas entrelinhas, assim digamos e nem de maneira mais formal.
Mas o que ouvi, li, e ate agora acreditei, é que esse financiamento será sim quitado com os lucros da Arena num perido estimado de 7 anos ( o gremio ficando nesse período com 100% de um eventual lucro liquido descontando o financiamento). Mas nao será em nome do clube e muito menos quitado apenas pelo grêmio e sim pela parceria. O clube pode ate nao ganhar muito, mas em hipotese alguma perde dinheiro.
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Outra questao: o Olimpico é DEFICITARIO nao? Se nao for é muito proximo disso... e so em ter um estadio melhor, conforto, acesso, etc; e alem disso ainda ter um lucrinho de 7 milhoes ano ja nao valeria a pena? Sem falar no subjetivo de maior renda, mais patrocinio de camisa e estatico, etc, rendas que pertencem só ao gremio...
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Outra: nao me importo que a OAS ganhe rios de dinheiro, ate acho legal... desde que para o Gremio seja bom. Nao é uma disputa entre ambos.

Abraços

William disse...

Bom, e fui ler o comentario do Helio e a replica do azambuja...
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Bom, ate gostaria que me esclarecessem, melhor:

1- Confere que o Olimico gera para o Gremio 7milhoes/ano? Porque ouvi ainda essa semana o Duda falando da brutal diferença entre a manutenção (chegou a falar em redução de 200 para 10 funcionarios na manutenção) e receitas comparando o olimpico com a Arena. E neste cenario, mesmo que nos primeiros 7 anos nao haja muito lucro portanto, a previsao futura ao menos, fica animadora.
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2- Essa estimativa de publico para os jogos nao é a que esta no site? e que para gauchao seria em media de 15mil pessoas? entao nao entendi a conta dos 77mil negalivos contra o N.H
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Vou perguntar também para o pessoal la da comunidade da Arena o que sabem a respeito...
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Abraços

Hélio Sassen Paz disse...

William,

O Olímpico não tem um plano diretor nem uma política de manutenção sacramentada pelo Estatuto ou pelo Planejamento Estratégico. Nem nunca teve nas mãos de presidente algum. E esse desleixo não tem nada a ver com sucateá-lo propositadamente: foi uma economia burra que perdurou durante décadas, por ignorância e por inépcia. Por isso, a sua deterioração (e a sua consequente depreciação) é hoje bastante notável.

Felizmente, depois que mudou a gestão, não se discute mais a idoneidade das pessoas envolvidas no projeto, nem tampouco a necessidade de um novo estádio. O cerne da questão é alterar uma série de cláusulas contratuais vistas como leoninas a favor da OAS e contrárias aos interesses do Grêmio, sobretudo nessas filigranas relacionadas à troca de valores, deveres e obrigações relacionadas aos associados e, sobretudo, à autonomia do clube.

Falamos de um conjunto nada desprezível de pequenas cláusulas que só têm como pesar menos no faturamento do Grêmio caso o contexto socioeconômico previsto pela OAS se realize. Do contrário (se o país não crescer o suficiente; se os direitos do associado se mantiverem restritos ao Olímpico; se o valor dos ingressos não estiver acima do poder aquisitivo médio da população em 2013, etc.), o Grêmio será um clube grande de muita tradição com uma sucessão de times medíocres porque será mutuário durante vários anos.

Mesmo com aumento da mensalidade em função de um novo padrão de conforto, o associado patrimonial e o proprietário de cadeira cativa terão perdido o direito de não pagar um valor extra e em separado mesmo pagando mensalidade.

Como o dono do estádio será a OAS e não o Grêmio, se a OAS não deixar o Grêmio ocupar os lugares ociosos a partir de ações de marketing (sorteios, concursos culturais, etc.), nossa torcida terá um peso menor nos jogos pequenos.

O número de funcionários está sendo reduzido não apenas para evitar o gasto com o estádio em si mas, sim, porque existe uma meta orçamentária a ser cumprida. O grosso dos recursos precisa ser canalizado para o futebol amador, profissional e para o pagamento de dívidas.

Quanto à conta: entendo que a OAS estipulou uma média de 19 mil e poucos espectadores. Isso é uma forma de troca pelo adiantamento de um faturamento anual equivalente ao que é gerado hoje pelo Olímpico em função da ronha que é a indefinição dos direitos, deveres, existência ou ausência de propriedade por parte dos associados na Arena.

Vejo também que, por um lado, felizmente houve uma pequena flexibilidade, que reviu essa média para menos somente no caso do Gauchão. Porém, sabemos que no início de temporada há as férias de verão e que tanto o campeonato local como a não-consolidação do time nesse início de trabalho é um atrativo muito modesto.

Há uma claque achando que tudo o que está sendo feito é bom para o Grêmio. A ela, falta senso crítico. A gurizada vai muito no hype da mídia ou se prende a detalhes mais simples que não foram interpretados por quem leu o contrato sem pertencer à OAS.

Confesso que não li o contrato. Mas o presidente do Grêmio Acima de Tudo, Gabriel Fadel, está muito longe de ser alguém ignorante, intempestivo ou superficial. Afinal de contas, está na GE e é procurador-geral do Estado aposentado.

A Arena precisa sair de maneira transparente e sem prejuízos. O Grêmio precisa ser sustentável. A vida não muda do dia para a noite só porque se mudou de casa.

[]'s,
Hélio