quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Diário de Pelotas

Andando pelas ruas de uma cidade sem fim, feia, fedida, escondida.
O vento traz o cheiro do esgoto, às vezes de um cheiro podre e doce, às vezes ácido.
É ensurdecedor o barulho da juventude ignorante, errante pelas ruas, morrendo aos poucos cada dia.
Não adianta o sol brilhar, porque o contraste do azul lindo de um céu sem nuvens não deixa a silhueta da Princesa sequer simpática.
Quanto mais poeira se encontra nas ruas, mais areia, há mais história escondida.
De costas para o seu legado, enterra nas profundezas do lixo turístico os traços da violência sofrida pelo negro, mantendo a injustiça, o appartheid como realidade contemporânea.
Mas há o tambor...
Sempre vai haver o seu rufar, longínquo, ritmado.
Que grita do meio da mata, do quilombo, a resistência de Manuel Padeiro.
Quem entra ali, nas trilhas dos negros bravos que lutaram por sua vida e liberdade, os ouve, os sente.
E Pelotas precisa deles.
Pelotas precisa do tambor.
E eu, depois de tudo isso, nunca mais serei o mesmo...

2 comentários:

Têmis Nicolaidis disse...

nem eu...ainda bem.

Anônimo disse...

Porque sou gremista, artigo de LUPICINIO RODRIGUES, no Jornal ùltima hora de POA em 1963 !!! http://wp.me/pKJQL-324