segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Reflexiones de Fidel Castro: El analfabetismo económico

Existe gran temor de que los países más ricos del mundo, reunidos con un grupo reducido de países emergentes golpeados por la crisis financiera, aprueben un nuevo Bretton Woods ignorando al resto del mundo, advierte el líder cubano.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra (em espanhol).

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Abaixo, uma tradução livre recebida por e-mail:

Reflexões de Fidel Castro - O Analfabetismo Econômico

Existe grande temor de que os países mais ricos do mundo, reunidos com um grupo reduzido de países emergentes castigados pela crise financeira, aprovem um novo Bretton Woods ignorando o resto do mundo, adverte o líder cubano.
extraído de Cubadebate


Chávez falou em Zulia do "camarada Sarkozy", e o disse com certa ironia, mas sem intenção de feri-lo. Pelo contrário, quis reconhecer sua sinceridade quando, em sua condição de Presidente rotativo da Comunidade de Países Europeus, falou em Pequim.

Ninguém proclamava o que todos os líderes europeus conhecem e não confessam: o sistema financeiro atual não serve e é preciso mudá-lo. O Presidente venezuelano exclamou com franqueza: "É impossível refundar o sistema capitalista, seria como a tentativa de pôr a navegar o Titanic depois que está no fundo do Oceano."

Na reunião da Associação das Nações Européias e Asiáticas, na qual participaram 43 países, Sarkozy fez confissões notáveis, segundo as agências de notícias: "O mundo vai mal, enfrenta uma crise financeira sem precedentes por sua magnitude, rapidez, violência, e suas conseqüências sobre o meio ambiente põem em questão a sobrevivência da humanidade: 900 milhões de pessoas não têm os meios para alimentar-se".

"Os que participamos desta reunião representamos dois terços da população do planeta e a metade de suas riquezas; a crise financeira começou nos Estados Unidos, mas é mundial e a resposta deve ser mundial."

"O lugar para um menino de 11 anos não é a fábrica, mas a escola."

"Nenhuma região do mundo tem lição a dar a ninguém." Uma clara alusão à política dos Estados Unidos.

Ao final recordou ante as nações da Ásia o passado colonizador da Europa nesse continente.

Se o Granma tivesse escrito essas palavras, diriam se tratar de um clichê da imprensa oficial comunista.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse em Pequim que não se podia "prever a magnitude e a duração da crise financeira internacional em curso. Trata-se, nem mais nem menos, da criação de uma nova carta constitutiva das finanças." Nesse mesmo dia foram divulgadas notícias que revelam a incerteza geral desencadeada.

Na reunião de Pequim, os 43 países da Europa e Ásia acordaram que o FMI deveria desempenhar um papel importante, dando assistência aos países gravemente atingidos pela crise, e apoiaram uma cúpula inter-regional visando estabilidade a longo prazo e o desenvolvimento da economia do mundo.

O presidente do governo espanhol, Rodríguez Sapatero, declarou que "havia uma crise de responsabilidade em que uns poucos se enriqueceram e a maioria está empobrecendo", que "os mercados não confiam nos mercados". Exortou os países a fugir do protecionismo, convencido de que a competição faria com que os mercados financeiros cumprissem seu papel. Não foi oficialmente convidado à cúpula em Washington devido à atitude rancorosa de Bush, que não lhe perdoa a retirada das tropas espanholas do Iraque.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, apoiou sua advertência sobre o protecionismo.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu-se por sua parte com economistas eminentes para tentar evitar que os países em desenvolvimento sejam as principais vítimas da crise.

Miguel D'Escoto, ex-ministro de Relações Exteriores da Revolução Sandinista e atual presidente da Assembléia Geral da ONU, solicitou que o problema da crise financeira não fosse discutido no G-20 entre os países mais ricos e um grupo de nações emergentes, mas nas Nações Unidas.

Há disputas a respeito do lugar e da reunião onde deve se adotar um novo sistema financeiro que ponha fim ao caos e à ausência total de segurança para os povos. Existe grande temor de que os países mais ricos do mundo, reunidos com um grupo reduzido de países emergentes prejudicados pela crise financeira, aprovem um novo Bretton Woods ignorando o resto do mundo. O presidente Bush declarou ontem que "os países que discutirão aqui no próximo mês sobre a crise global devem também voltar a se comprometer com os fundamentos do crescimento econômico de longo prazo: mercados livres, livre empresa e livre comércio."

Os bancos emprestavam dezenas de dólares por cada dólar depositado pelos correntistas. Multiplicavam o dinheiro. Respiravam e transpiravam por todos os poros... Qualquer contração os conduzia à ruína ou à absorção por outros bancos. Era preciso salvá-los, sempre às custas dos contribuintes. Fabricavam enormes fortunas. Seus privilegiados acionistas majoritários podiam pagar qualquer soma por qualquer coisa.

Shi Jianxun, professor da Universidade de Tongui, Xangai, declarou em um artigo que publicou na edição exterior do Diário do Povo que "a crua realidade levou as pessoas, em meio a um pânico, a se darem conta de que os Estados Unidos utilizaram a hegemonia do dólar para saquear as riquezas do mundo. Urge mudar o sistema monetário internacional baseado na posição dominante do dólar."

Com muito poucas palavras explicou o papel essencial das moedas nas relações econômicas internacionais. Assim vinha ocorrendo há séculos entre a Ásia e a Europa: recordemos que o ópio foi imposto à China como moeda. Disso falei quando escrevi 'A vitória chinesa'.

Nem sequer a prata metálica – que os espanhóis usavam inicialmente, desde a colônia nas Filipinas, para pagar pelos produtos adquiridos na China – as autoridades espanholas desejavam receber, porque ela se desvalorizava progressivamente devido a sua abundância no chamado Novo Mundo recém conquistado pela Europa. Até vergonha os governantes europeus sentem hoje pelas coisas que impuseram à China durante séculos.

As atuais dificuldades nas relações de intercâmbio entre esses dois continentes devem ser resolvidas – segundo o critério do economista chinês – com euros, libras, ienes e yuanes. Não resta dúvida de que a regulação razoável entre essas quatro moedas ajudaria no desenvolvimento de relações comerciais justas entre Europa, Grã-Bretanha, Japão e China.

Estariam incluídos nessa esfera o Japão e a Alemanha, dois países produtores de sofisticados equipamentos de tecnologia avançada tanto para a produção como para os serviços –, e o maior motor em potencial da economia do mundo, a China, com ao redor de 1,4 bilhão de habitantes e mais de US$ 1,5 trilhão em suas reservas de divisas conversíveis, que são em sua maioria dólares e bônus do Tesouro dos Estados Unidos. Seguida do Japão com quase as mesmas cifras de reservas em divisas.

Na atual conjuntura, aumenta-se o valor do dólar pela posição dominante desta moeda imposta à economia mundial, justamente assinalada e rejeitada pelo professor de Xangai.

Grande número de países do Terceiro Mundo, exportadores de produtos e matérias-primas com pouco valor agregado, somos importadores de produtos de consumo chineses, que costumam ter preços razoáveis, e equipamentos do Japão e da Alemanha, os quais são cada vez mais caros. Ainda que a China cuide para que o Yuan não se supervalorize, como os ianques exigem sem parar para proteger suas indústrias da concorrência chinesa, o valor do Yuan aumenta e o poder aquisitivo de nossas exportações diminui. O preço do níquel, nosso principal produto de exportação, cujo valor atingiu mais de 50 mil dólares a tonelada não faz muito tempo, nos últimos dias mal ultrapassa os 8.500 dólares por tonelada, isto é, menos de 20% do preço máximo atingido. O do cobre caiu para menos de 50%; assim sucessivamente ocorre com o ferro, alumínio, estanho, zinco e todos os minerais indispensáveis para um desenvolvimento sustentado. Os produtos de consumo, como café, cacau, açúcar e outros, sem fazer qualquer sentido racional e humano, em mais de 40 anos mal aumentaram seus preços. Por isso não faz muito tempo eu adverti igualmente que, em conseqüência de uma crise que estava muito próxima, os mercados seriam perdidos1 e o poder aquisitivo de nossos produtos seria reduzido consideravelmente.

Nessa circunstância, os países capitalistas desenvolvidos sabem que suas fábricas e serviços paralisam, e só a capacidade de consumo de grande parte da humanidade já nos índices de pobreza, ou abaixo destes, poderia mantê-los funcionando.

Esse é o grande dilema que a crise financeira nos impõe, e o perigo de que os egoísmos sociais e nacionais prevaleçam acima dos desejos de muitos políticos e estadistas agoniados diante do fenômeno. Eles não têm a menor confiança no próprio sistema do qual surgiram como homens públicos.

Quando um povo deixa o analfabetismo para trás, sabe ler e escrever, e possui um mínimo indispensável de conhecimentos para viver e produzir honradamente, ainda lhe faltaria vencer a pior forma de ignorância em nossa época: o analfabetismo econômico. Só assim poderíamos saber o que está ocorrendo no mundo.

Fidel Castro Ruz
26 de Outubro de 2008

*Fonte: Agência Prensa Latina*

nota: a expressão "los mercados se perderían" pode ter dois sentidos: (a) os mercados ficariam perdidos, e (b) os mercados seriam perdidos.

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