quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Entrincheirados

O que leva um ser humano a se entrincheirar?
O que se passa na mente e nos corações dessas pessoas?
Desespero? Pelo quê? Por quem?
As respostas estão no ar.
Ao caminhar pelo acampamento, rostos dos mais diferentes cruzam o meu caminho. De todas as cores, gêneros, idades.
Estou de tênis, bem calçado, roupas boas, para enfrentar qualquer variação de clima.
Cruzam rostos sofridos, mas felizes, focados, de pés descalços, roupas rasgadas, mãos calejadas do trabalho.
A fumaça que vem do esquentar da água, do bolo frito, parece uma névoa que emoldura os barracões e o trabalho de todos, que caminham para todos os lados daquela, agora, fortaleza.
O medo está no ar, dá quase para tocá-lo.
Medo de uma violência insana, que não parece ter razão de existir. Dentro de 8 mil hectares, se entrincheiram em apenas 1/4 de hectare cerca de 500 pessoas.
Nos dias anteriores, acontecimentos deixaram marcas profundas e fazem surgir aqui e ali o choro incontido do desespero, da dor do corpo e da alma.
Mas, afinal, pra que se entrincheirar desse jeito? No meio do nada?
Pela luta, pela luta de todos. Alguém precisa fazer isso...
"Olha lá a luta, mãe!" - diz a garotinha, já na sede do assentamento, assistindo às imagens que este seguro pequeno burguês começa a preparar para montar sua matéria.
Alguém precisa fazer isso.

3 comentários:

Anônimo disse...

e o que é essa bosta travestida de gaucho de vitrine e autodenominado "gaucho da copa" e que foi fazer turismo na A.S. custeado pelos cofres públicos?

José Renato disse...

Guga, posso copiar e colar este texto no meu blog? Te convido a ler uma coisa que escrevi, e que tangencia esse tema: "Vinte e um anos atrás" (http://joserenatomoura.blogspot.com/2009/07/uma-das-primeiras-coisas-que-fiz-quando.html). Aliás, quero esclarecer que nem todos os policiais são como esses daí. Não posso criticar publicamente o trabalho dos colegas, por razões disciplinares, mas te adianto que não são todos os policiais que odeiam os sem-terra. Abraços.

Anônimo disse...

É um dia de luto para todo o RS. Minhas condolências aos familiares e amigos do agricultor assassinado, com uns versos de Violeta Parra (La Carta) : "habráse visto insolencia/ barbárie y alevosia/ de presentar el trabuco y matar a sangre fria/ a quien defensa no tiene/ con las dos manos vacias/ Si!!! Por suerte tengo guitarra/ para llorar mi dolor/ también tengo nueve hermanos fuera del que se engrilló/ todos revolucionarios/ con el favor de mi Dios/ Si!!!