As comoções na sociedade brazuca são interessantemente manipuladas pela Grobo e sua fiel escudeira aqui no sul, a RBS.
Morrem todos os dias pobres, meninos negros, gente trabalhadora, poceiros, enfim, quem mete o pé na jaca mesmo, que tá ali, na zona de exclusão da sociedade moderna ocidental judaico-cristã, onde a violência é realidade intensa e senta na mesa do bar.
Isso, para as redes que vendem o pensar dessa mesma sociedade, é coisa normal.
Quer dizer, neguinho morre à bala na favela, se não tem polícia envolvida, vale nota pelada no jornal e denominação de bandido, traficante, essas coisas que justificam sua morte.
Agora, se a cidade baixa entra na alta, mata ou morre no confronto das classes, a comoção é geral. Tem família de vítima chorando na telinha, especialista de tudo quanto é lado dando pitaca pra dizer que ou tem que cercar uma praça, ou aumentar a polícia na favela, ou mandar a vila pro espaço que a copa vem aí e não dá pra correr risco. Tem-se o direito até a voz grave de apresentadores almofadinhas dos melhores jornais da nossa telecegueira.
Bueno, mas e quando a coisa toda acontece dentro da intocável high society?
Ao invés de estudiosos dissecando causas e consequências vemos pontos de interrogações para todos os lados: "Mas como?!".
Claro, porque filhinho de papai, dono de grande empresa não estupra, empresários não matam suas mulheres e queimam seus corpos, não se envolvem em tráfico de drogas...
Ãin...opa! Peralá.
Ontem, no pior momento da televisão guasca, o tal de periódico que tem almoço no nome, a apresentadora aquela, que estranhamente tem a cor da sua pele laranja, filha de alguém com história dentro da empresa que ela trabalha, mulher de ex-funcionário da mesma casa, um tiozão considerado rei em cidade dalém-mar, quer dizer, gente rica, muito rica, entrevistava uma mulher numa cadeira de rodas. Loira, bonita, contando sua história de vida, não sei se sofrida, com um figurão que a única coisa que fez na vida, pelo que entendi da fala da moça, foi ter nascido em uma família de sobrenome Chaves Barcellos. Dizia ela que estava separada há um tempo do cidadão, mas que ainda morava na mesma casa. Entre uma engasgada e outra da lembrança daquela segunda-feira passada, quando ele matou a facadas o seu agora namorado, ela citava que já era difícil lidar com ele há tempos, com sua dependência química...
Bingo!
Taê, dona apresentadora, seja jornalista uma vez na vida! Vamos lá, deixe o teleprompter de lado, veja que a mulher aí na sua frente deixou a bola picando. Mas que mal era aquele que assolou a família dela por tanto tempo? Será que, talvez, explicasse o comportamento errático do assassino - já que, quando se é com pobre, sempre se justifica que o cara tava chapado de crack ou coisa assim para matar ou assaltar alguém...
E ela não perguntou nada.
A mulher continuou e, ao final, tascou o nome da substância. Aquela que estranhamente a gente nunca vê noticiada com tamanho destaque, tanto de apreensões como de justificativa para acidentes de carro, assassinatos ou roubos: COCAÍNA.
Rico cheira cocaína.
Cheira em festas da high society, servida em bandejas como "vulcões".
Ponto.
E não teve matéria especial sobre o assunto.
Não teve infográfico.
Não teve entrevista com especialista.
Não teve foto de casa, local de trabalho, não teve teia tecida de relações.
Nada!
Não se acha nada nas capas desses grandes veículos que destaque o crime.
Foi-se, passou.
E tudo é céu azul de novo nas casas do high society, a empregada desempoeira a sala, molha as plantas...
Porque essa turma... Essa turma gente boa, cidadãos de bem, eles que sofrem as mazelas da sociedade. Que pagam impostos absurdos pra encher o tanque das suas vigorosas caminhonetes...
Eles nunca geram nada.
Nada.
4 comentários:
Demais!!!!
Graça
E que tal a profissão dos caras: "surfista". Uns véio de 50 anos, surfistas. O assassino cheirador com nome de rua também era empresário. Todos eles são. A gente nunca sabe que tipo de empresa esses caras têm, se eles têm uma indústria, um armazém, uma carrocinha de churros, se são prestadores de serviço. Mas são empresários, todos eles.
Essa gente só pensa na carreira, nas duas.
Eu sempre desconfio que se auto denomina Empresário.
Empresário para mim é qualquer vagabundo mauricinho que vive de rendas da família rica.
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