Ninguém precisa me dizer nada.
Eu vivi coisas dentro da PUCR$ que foram insólitas.
Com muito esforço, consegui certa vez ser eleito delegado para o Congresso da UNE pela Famecos.
Na volta, juntamos movimentos antagônicos na UNE pra lutar pela causa comum do movimento estudantil dentro do centro acadêmico da faculdade.
Na primeira vez, sequer nos deixaram inscrever a chapa, quando, por acaso, "encontramos" o edital das eleições.
Na segunda tentativa, mais consolidados e depois de um tempo de crescimento das articulações que fizemos, montamos chapa, inscrevemos e concorremos.
Demos um banho na campanha, mas... Trocaram a urna, fraudaram na cara dura as eleições.
Naquela época, estavam juntos num movimento que se chamava CAAP PARATODOS pessoas como a hoje deputada federal Manuela Dávila e Lúcia Stumpf, que veio a se tornar presidente da UNE recentemente.
No momento da falcatrua, na noite entre os dois dias de eleição, tentamos de todas as formas garantir a lisura do processo, mas falhamos.
Talvez pudéssemos ter partido pra imposição física, no entanto não tínhamos nem tamanho nem número suficiente de pessoas - muito menos índole para tal - que fizesse mínima frente a seguranças da PUCR$ e capangas contratados pelas pessoas ligadas ao DCE, naquela época presidido por Rafael Fleck, hoje assessor do vereador Mauro Zacher.
Aliás, Zacher este foi protagonista de uma cena interessantíssima, que presenciei ali mesmo, no momento da muvuca, em frente ao DCE, quando fazíamos pressão porque vimos a artimanha e tentávamos alguma coisa. O agora vereador mirou um dos professores que estavam juntos da gente, que responderam a nossa solicitação de apoio para que presenciassem o processo eleitoral, um jornalista militante, um homem que circulou - e ainda circula - pelos caminhos do sindicato dos jornalistas e da Fenaj. Sem pestanejar, Zacher, que oficialmente já não tinha nenhum envolvimento mais com o DCE, apontou o dedo para este professor e disse com todas as letras: O SEU FUTURO AQUI ESTÁ AMEAÇADO.
Mas quem é este rapaz, pelamordedeus!
Qual o meu desespero, ele entra agora profundamente nos meandros da política de Porto Alegre e, quiçá, infelizmente do Rio Grande do Sul.
Como?!
Depois disso tudo, essa situação toda virou mais um capítulo do folclore montado em mais de 20 anos de confusões e desmandos no DCE da PUCR$.
Uma pesquisa simples no Google mostra isso.
São inúmeros casos, sempre com "oposições" diferentes, mas com as mesmas figuras centrais envolvidas. O ocaso DCE já foi parar nas plenárias da Assembleia Legislativa do RS, mas nada aconteceu.
E tudo isso - e afirmo sem medo de errar - acontece com a conivência da universidade.
Mas que força a deste senhor Zacher. Que força!
Recentemente fez vergar em público a neta do caudilho Brizola, na câmara de vereadores de Porto Alegre.
Há histórias mais cabeludas... (alguém se anima de contar aquela do acampamento, ocorrida um ou dois anos depois desta?)
E, agora, TUDO DE NOVO!!!
Tudo muito semelhante.
Segue manifesto:
Carta Aberta às/aos Estudantes da PUCRS
Nos últimos dias diversas mobilizações aconteceram no campus envolvendo muitos estudantes. Foram três dias e duas noites de manifestação e acampamento em frente ao DCE para denunciar o processo eleitoral fraudulento, agressões físicas, às mulheres, e verbais de membros do DCE contra estudantes. O processo eleitoral de tiragem de delegadas/os para o Congresso da UNE (União Nacional de Estudantes) foi fraudado pelo DCE desde o seu início. A comissão eleitoral, composta por três membros do DCE, não homologou nenhuma das chapas de oposição e não apresentou as devidas razões. Pelo contrário, reagiram agressivamente gerando nos estudantes forte indignação. Nosso ato, portanto, vai contra esse poder centralizado já que diálogo não existe. E resistimos! Realizamos na noite fria do dia 9 de junho uma Assembleia Geral onde reunimos centenas de estudantes ansiosos por mudanças no DCE.
Sabemos que todos esses fatos não se dão de maneira isolada, sem vínculos com o passado. São, na verdade, parte de uma história de mais de duas décadas de crimes, violações e impunidade no nosso Diretório Central e em outros centros acadêmicos, como é o caso do CAMC, CAVM, CAENG e CAAP. Nesses espaços não acontecem eleições democráticas nem prestações de contas, além de haver uma clara ligação com um grupo do PDT, identificado com o vereador Mauro Zacher, envolvido em grandes esquemas de corrupção na cidade. Desse modo, entendemos que poucos são os espaços de representação discente na universidade, limitados a alguns Centros Acadêmicos que resistem.
Temos a clareza de que projeto de DCE defendemos. Sabemos que o pressuposto maior para a legitimidade de um espaço como esse é a democracia, a participação do maior número de estudantes. O DCE que defendemos deve estar em permanente diálogo, escutando nossos anseios em um espaço que é de todas/os nós e que deve ter a nossa cara! Defendemos uma universidade que permita e valorize a liberdade de expressão, que favoreça o encontro, a troca de saberes e que reconheça a diversidade como uma virtude. Desejamos que a universidade seja um espaço de debate de ideias e construções, comprometida com a liberdade e com a justiça social.
Continuaremos lutando por um novo processo eleitoral, para o DCE e para o CONUNE, livre da velha máfia e com ampla participação estudantil. Propomos à PRAC a realização de uma audiência estudantil para que todas/os estudantes tenham voz. Exigiremos ainda a devolução dos documentos que foram entregues para a inscrição das chapas e que foram utilizados pelos membros do DCE para que movessem ações improcedentes contra diversos integrantes do movimento estudantil. Acreditamos que se estivermos unidos chegaremos muito mais longe, contrariando o medo e a falsa idéia de que é impossível mudar. Com a participação de todas/os que se identificam com essa luta chegaremos cada vez mais perto da democracia na nossa universidade!
Boa luta pra todas/os nós que acreditamos que é possível mudar!
Porto Alegre, 10 de junho. Inverno de 2011.
Israel Moura
Movimento Atitude: www.movimentoatitude.com
Twitter: @mov__atitude
Um comentário:
Muito foda isso. É uma máfia absurda!
pra mim, a pior parte é ver que a grande maioria da população da PUCR$ está pouco se importando com isso, desde que tenha uma mesa de sinuca, uma máquina de fliper, uma tv ou um sonzinho e até uma ceva (em alguns casos) no centro acadêmico pra poder matar uma aulinha e se divertir tá tudo perfeito.
Isso só é diferente em alguns poucos cursos lá dentro... É triste ver que a política cada vez mais não faz parte da vida dos jovens.
Neste caminho, tem como o futuro ser diferente de grandes "DCEs da PUCR$" espalhados por todos os lugares?
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