Do RS Urgente
A falência política e moral do Rio Grande do Sul
Este texto é dedicado ao senador Pedro Simon.
O espetáculo deprimente e constrangedor exibido hoje na Assembléia Legislativa, por ocasião da “sabatina” ao deputado Marco Peixoto (PP), indicado para assumir uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado, é mais um capítulo da novela que escancara a falência moral que assola o Rio Grande do Sul. Flagrado em conversas suspeitíssimas, nas investigações que apuram o desvio de milhões de reais dos cofres públicos, Peixoto foi para a sabatina com a certeza da impunidade. Certeza esta assegurada pela cumplicidade de seus colegas da base do governo Yeda Crusius (PSDB).
A indicação de Peixoto foi aprovada por 9 votos a 2. Votaram a favor os seguintes deputados:
Alexandre Postal (PMDB), Sandro Boka (PMDB), Adroaldo Loureiro (PDT), Silvana Covatti (PP), Pedro Pereira (PSDB), Pedro Westphalen (PP), Kalil Sehbe (PDT), Jorge Gobbi (PSDB) e Iradir Pietrosky (PTB).
Votaram contra os deputados Daniel Bordignon e Adão Villaverde, do PT.
Possivelmente, na noite desta quinta, o deputado Marco Peixoto e seus pares estejam festejando o grande feito. Foi um grande feito afinal. O deputado foi aprovado na sabatina mesmo sem saber responder perguntas relativas ao seu futuro trabalho no TCE. Foi aprovado também sem explicar aos seus colegas o significado de algumas enigmáticas expressões que empregou nas conversas com acusados de envolvimento na fraude do Detran.
Quem é o campeão, deputado? Silêncio.
Qual foi o livro que o sr. ganhou? Silêncio
E os cadernos? Qual foi o destino deles? Silêncio.
O silêncio eloqüente do futuro conselheiro anda de mãos dadas com o desprezo a alguns de seus deveres centrais como representante do povo. Como o dever da transparência, para citar apenas um. Mas o deputado Peixoto e seus pares, obviamente, não estão preocupados com isso. Afinal muito pouca gente acompanhou ao vivo o que ocorreu hoje na Assembléia. Talvez fosse outro o comportamento se os meios de comunicação de maior audiência no Estado transmitissem a sabatina ao vivo por rádio e TV. Mas isso, aparentemente, não é de interesse público.
E assim vamos. Mais uma façanha que serve de modelo a toda terra e que será devidamente diluída no caldo de esquecimento e relativismo moral que fincou raízes na Província de São Pedro.
O deputado Peixoto, é importante dizer, é apenas um medíocre coadjuvante nesta novela. Só faz o que faz porque conta com o apoio, a cumplicidade e a omissão das chamadas elites econômicas deste Estado. Nas últimas semanas, foram divulgados números sobre a decadência econômica do RS. Ouvidos, dirigentes de entidades como a Farsul e a Fiergs falaram sobre isso como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre a situação. No caso da Farsul, foi ainda mais grotesco. O eterno presidente da entidade (ditador, diriam alguns em outro cenário), Carlos Sperotto reagiu indignado a alguns números da Embrapa, dando conta de problemas no campo gaúcho. Contou com o apoio também indignado do jornalista que o entrevistava, Lasier Martins, segundo quem os números tinham mexido com os brios gaúchos. Pelo andar da carruagem, a única coisa que não mexe com os brios dessa brava gente é a falta de vergonha na cara.
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