O Grêmio é o MST do futebol gaúcho

Não, o Tricolor não chega nem perto da esquerda.
A maioria de seus membros diretivos é, inclusive, intrinsicamente ligada à direita, às camadas mais podres da elite gaudéria, com alguns apresentando, inclusive, uma certa dose de fundamentalismo xiita sempre que podem.
Mas, no que tange o tratamento que a imprensa tem dispensado nos últimos anos, MST e Grêmio são extremamente parecidos: só levam pau, com os "analistas" empreendendo dois pesos e duas medidas para cada ponta da corda.
Isso, hoje, pode ser facilmente percebido, visto que as situações de 2008 e 2009 no Brasileirão se assemelham em suas naturezas na dicotomia e antagonismos dos posicionamentos de los invictos de la prensa.
Pois ano passado o interzinho entregou para o São Paulo um jogo de lambuja. Aqui, em um post abaixo, pode-se ver escancaradamente o posicionamento de um dirigente moranguinho destilando seu ódio e recebendo guarida de um opinista de plantão nas vésperas do jogo (o fato de ele ter falecido, não nos isenta de opinião, certo?).
Pois os 3 a 0 passaram assim, sem grandes análises de todos estes que se julgam os maiores experts da paróquia, que se colocam como porta-vozes das torcidas, mas que, sempre que podem, usam no auge de suas pedâncias termos como "isso é coisa de torcedor".
Pois ninguém vociferou ou especulou, da forma que se está fazendo agora com relação ao Grêmio, sequer sobre se o interzinho entregou aquela partida.
Façamos, então, o famoso exercício do "e se": E SE FOSSE O CONTRÁRIO? E SE FOSSE O GRÊMIO PERDENDO DAQUELE JEITO PARA O SÃO PAULO? COMO SERIA A REAÇÃO DA IMPRENSA?
Pois, hoje, então, temos a resposta para este questionamento, bastando-se observar as reações na rádio inter (Band), dos megaespeculadores colorados da reportagem da Gaúcha e dos opinistas vermelhirrosas que demonstram toda a sua senilidade nesta mesma rádio e, bom, claro, da Guaíba, notória e conhecida por todos como casa de colorados.
Há uma baba escorrendo por aí, que já é visível na súbita elevação do Arroio Dilúvio, fruto da raiva desmedida de todos estes nos seus comentários e apartes nos microfones acerca de tal tema.
Podemos ir mais longe ainda nesta brincadeirinha do "e se".
E se fosse o interzinho campeão dos juvenis como foi o Grêmio, em vitória no último Grenal por 2 a 0? Que destaque se daria?
Em tempos recentes eles foram campeões de quase tudo nas categorias de base e isso era dioturnamente esfregado nas faces de todos, os grandes craques do futuro, valendo zilhões de euros, que somem do nada logo depois...
E se fosse no Grêmio? E se fosse no Tricolor que o seu presidente contratasse o próprio filho para o time principal?
E se esta situação fosse forçada internamente, e este garoto fosse escalado em alguns jogos, em partidas oficiais, depois fosse negociado com outro time brasileiro e acabasse em Portugal algum tempo depois, mas retornasse em seguida para ser o craque do Ararigbóia??? O que se diria?
E se este mesmo presidente virasse em seguida vice-presidente de futebol, assinando, agora, o contrato do filho - vejam só! - do outro presidente, que foi seu vice e que assinou o contrato de seu filho? O que se estaria dizendo por aí se isto ocorresse no Grêmio?
E se fosse o Grêmio a fazer por aí DVD's com erros de arbitragem que decidiram jogos importantes? Por muito menos se tachou o Tricolor como sendo um clube chorão no quesito arbitragem...
Outra, para eles, segundo lugar é ser campeão moral, para nós, diz-se sermos os primeiros dos últimos colocados.
E se fosse o Grêmio suspeito de comprar um jogo para se livrar do rebaixamento? Se fosse o Grêmio a jogar no estádio adversário com a torcida toda contrária gritando "marmelada!"? O que se diria?
Ah, não, claro... Afinal, o que dá para dizer já que compramos o Criciúma em 2003. Se diz isso sem lembrar o fato de que aquele jogo foi marcado pela Invasão Azul àquela cidade, quando colocamos mais de 8 mil pessoas nas arquibancadas do acanhado Heriberto Hülse. Foram mais de 60 ônibus lotados (o meu era de número 54). Empurramos o time, não tinha como perder.
Mas, não, a manchete de ontem, antes do jogo, era: interzinho terá mais torcida que o sport na ilha do retiro. Será mesmo que aconteceu isso???
E se...
E se...
E se...
É... Sob certa ótica, somos o MST do futebol gaúcho, e o interzinho é a Farsul, o agronegócio, com seus tentáculos midiáticos batalhando na construção do imaginário coletivo (adoro esta expressão!) sem cessar.
Reforma midiática já!