sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Da série "Quem matou Elton Brum?": como se constrói o imaginário coletivo

É assim que os meios de comunicação de massa procuram reescrever a história:

do Correio do Povo
PM afirma que não atiraria em colono
O policial militar Alexandre Curto dos Santos, 38 anos, declarou ontem que não atiraria contra o sem-terra Élton Brum da Silva, 44 anos, caso soubesse que sua arma estava com munição letal. Em entrevista exclusiva ao repórter Jimmy Azevedo, da Rádio Guaíba, o soldado da Brigada Militar relembrou os momentos que antecederam o disparo que resultou na morte da vítima, durante a operação de reintegração de posse da fazenda Southall, ocorrida no dia 21 de agosto passado em São Gabriel. O brigadiano, do 6º RPMon, com sede em Bagé, foi acusado de homicídio. "Se tivesse com uma arma com munição letal, não teria feito isto", reafirmou.

O soldado Alexandre contou que visualizou o sem-terra junto de um colega seu que estava a cavalo. "Em um ato de reflexo, calculei que ele puxaria as rédeas do cavalo do meu colega para deitá-lo", relembrou, ao falar sobre a reação que teve naquele exato momento.

O soldado atirou na "certeza que não causaria uma lesão letal". O estampido diferente da arma, observou, chamou imediatamente sua atenção. "Vi que se tratava de cartucho letal e, a partir desse momento, não vi mais nada, fiquei completamente paralisado", recordou Alexandre, acrescentando que ficou "em estado de choque".

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Aqui algumas informações que estamos coletando:
- a cavalaria entrou pelos fundos do acampamento, Elton estava segurando a linha da frente, onde várias pessoas portavam escudos de compensado
- ele caiu, se virou, houve o tiro
- seu corpo ficou em área isolada, sob a lona preta por mais de hora, até que a situação fosse violentamente acalmada (sim!) pelos brigadianos e se tomasse providência de socorro
- não foi possível a ninguém de fora acompanhar esta ação (nem as procuradoras, que só tiveram acesso ao local bem depois)
- a primeira notícia que saiu, dada em primeira mão ao PRBS pela BM e prontamente publicada pelo seu veículo em internet, foi a de que Elton teria morrido de mau súbito
- aqui abaixo, a contundência desse "mau súbito": a ignorância, a intolerância e a desfaçatez



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"Troca de arma teria sido acidental", diz
Sentindo-se abalado e encontrando-se em tratamento psicológico, o policial militar desabafou que "é uma coisa que tu não esquece". Ele explicou que, em caso de confronto com assaltantes, sabe que a situação seria diferente e alguém poderia ser morto. Em uma reintegração de posse, o PM entende que o tipo de munição é outro. Ao repórter Jimmy Azevedo, o soldado declarou ainda que deduz que trocou de arma acidentalmente com um colega durante a viagem entre Bagé e São Gabriel. Atualmente, o PM exerce função administrativa e foi afastado do policiamento ostensivo.

- noooooooossa!!! Este remendo-arremedo chega a ser constrangedor...
- "Atualmente, o PM exerce função administrativa e foi afastado do policiamento ostensivo." - ele não deveria estar preso???

5 comentários:

Hélio Sassen Paz disse...

Sem contar que o ex-secretário de Yeda (hoje um direitista "rebelde" que clama por mostrar ser correto) disse que foi informado de que o disparo veio de um oficial e ele cantou a pedra de que um soldado seria acusado.

Se vocês conseguirem apurar isso e ele estiver certo, seria o ouro.

[]'s,
Hélio

Kayser disse...

Na última matéria o cara fala que acha que "trocou de arma acidentalmente com um colega durante a viagem entre Bagé e São Gabriel". Quer dizer que foi tudo sem querer, mas havia um outro soldado preparado para matar alguém? Quem era esse outro soldado? Porque ele estava com aquela arma? De quem é a responsabilidade por esse soldado ter levado uma arma carregada com munição letal?

Anônimo disse...

Exatamente, Hélio! A versão do ex-ouvidor da Seg. Pública é bem diferente dessa. Segundo ele, esse soldado assumiu um crime que ele não cometeu para proteger alguma pessoa com patente superior a dele.Mais, Paiani disse que sabe o verdadeiro autor do crime. Cabe sim uma apuração. Quem sabe começando fuçar lá por Bagé!!

Guga Türck disse...

Sem falar, Kayser, até onde sei, essas armas têm cores diferentes. Mas, digamos que as armas sejam iguais, sem identificação da diferença, que sejam as mesmas, inclusive, bom, as munições são de cores diferentes com certeza.
Isso, meu amigo, essa retranca, essa segunda matéria, é tripudiar na inteligência alheia, é construir material para ser usado na frente de um juiz subserviente, criar versão, como se queira chamar.
Absurdo!

MIRABEAU BAINY LEAL disse...

A UM SEM-TERRA QUE CAIU LUTANDO

FOI A MANDO DE "NINGUÉM"
OU SABE-SE BEM DE QUEM
O ATAQUE POLICIAL.
NAS COSTAS DO SEM-TERRA
ATIRADOR DE "ELITE" NÃO ERRA
UM TIRO "ACIDENTAL".
A BALA ERA DE BORRACHA
E ESTÁ ERRADO QUEM ACHA
QUE É ATO PROPOSITAL.
MAS QUE BORRACHA BEM DURA
QUE ATÉ O OSSO PERFURA
E CAUSA UM "SÚBITO MAL".
E ESSE "MAL SÚBITO" ABALA.
E MAIS DE DEZ FUROS DE BALA
CALARAM O "MARGINAL".
MAS QUE COISA MAIS ESTRANHA:
DO FUNDO DA SUA ENTRANHA
ECOA UMA VOZ SEM IGUAL...
ESSA VOZ QUE NÃO SE CALA,
NEM COM MIL TIROS DE BALA:
A VOZ DO NOSSO IDEAL!!!

UM ABRAÇO CAMARADA E LIBERTÁRIO A TODOS
MIRABEAU BAINY LEAL