"Contra fatos não há argumentos" - muito se diz por aí.
De concreto que temos é uma insurreição midiática contra um processo eleitoral no Irã, sem se entrar nos méritos se o presidente de lá é bom ou mau (esta dicotomia que também parece permear a maioria dos comentários dos articulistas políticos do mass media). Não se trouxe ainda à tona de que maneira teriam ocorrido as alegadas fraudes, mas já se estabeleceu uma mobilização mundial para um processo semi-revolucionário que colocou alguns milhares nas ruas de Teerã (nenhum daqueles que incitaram este movimento, diga-se de passagem) para enfrentar o poder central de um Estado confuso, que mistura preceitos religiosos com direitos civis. Mas isto é exatamente o que não pode ser julgado, porque é necessário se entender o surgimento do Irã a partir de um processo de construção cultural milenar, que vem fundado em uma história muito mais longínqua que a do mundo Ocidental, por exemplo.
E o que é interessante também observar é que as táticas empregadas pelos mass media se assemelham em muito quando do golpe na Venezuela em 2002 (Hmmmm, há petróleo envolvido nos dois casos. Interessante...), em que se inverteram de lado imagens televisivas e forjaram-se números na tentativa de cooptar a opinião pública mundial para legitimar o golpe de Estado e julgar sumariamente o malvadão Hugo Chávez.
Pois bem, em Honduras não há petróleo, e as manifestações daqueles "defensores da democracia" (base da argumentação em ambos os casos de Venezuela e Irã) apenas se restringiram a notinhas oficiais, tímidas declarações.
E que tal as explicações que estão chegando aqui do porquê do golpe?
Simplesmente ridículas. Diz-se que o presidente caiu em virtude de que estaria chamando - vejam só! - uma consulta popular(!) para chamar uma assembléia constituinte. Segundo os "especialistas" das emissoras daqui, isso seria para que ele pudesse ter reeleições ilimitadas, o que se considerou uma ameaça ao Estado Democrático de Direito hondurenho. A gota d'água, inclusive, foi o afastamento do general do exército, que sumariamente negou o pedido de garantia de segurança para o plebiscito feito pelo presidente...
Chávez mudou a constituição da Venezuela com plebiscito. Rafael Correa, no Equador, também o fez com plebiscito. Na Bolívia, Evo consultou as bases e fez a mesma coisa.
Muita gritaria aconteceu depois disso, mas nestes países a mudança vem ocorrendo pela força de suas populações.
Em Honduras, no entanto, parece que está bem claro quem manda no casarão...
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