segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O desastre se avizinha II: a situação na ULBRA

Tenho acompanhado de perto a situação da ULBRA pelos boletins do Sinpro/RS e do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul. Quando postamos uma nota deste último a respeito do atraso de salários de funcionários da TV, houve uma chuva de comentários aqui no blog, denunciando que a situação era muito mais grave do que imaginávamos.
Aliás, eu já conhecia o contexto de dificuldades nos pagamentos na ULBRA, já que minha mãe foi por muito tempo funcionária do quadro de professores da Faculdade de Serviço Social. Há muito ela convivia com isso e com outros problemas sérios, como o sucateamento e descaso com o ensino superior de qualidade.
Inclusive, houve em determinado momento uma manobra para a criação de um sindicato paralelo ao Sinpro, quando os professores foram coagidos a fazer assembléia e legitimar uma ação de assédio aos direitos adquiridos pelos professores através da Constituição Federal.
Quando a minha mãe me contou o que ocorria, o que estavam fazendo nos bastidores, lembrei-me do tempo que fiz política estudantil nos pátios da PUCR$, lutando contra a força da máquina do DCE, capitaneado por Mauro Zacher & família - ontem secretário do Fogaça, do Pró-Jovem e hoje eleito vereador de Porto Alegre.
As características eram as mesmas: intimidações, utilização de "laranjas" e pressão da Reitoria.
Mas, pelo visto, a ULBRA está ruindo. Nem vou escrever mais as coisas que já presenciei e que já ouvi de lá, porque não há como provar, e as pessoas que contaram jamais colcariam seus nomes em histórias como essas por puro medo. Os comentários que recebemos aqui, também são anônimos e são muitos (ao final, listamos mais recebidos).
Apresentamos, então, a matéria completa que saiu no melhor jornal de Porto Alegre, o mensal EXTRA CLASSE, do Sinpro/RS:


Dívida da Ulbra é de R$ 2,3 bi
Por Gilson Camargo

Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) enfrenta uma das mais graves crises financeiras da sua história. Mantida pela Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (Celsp), a Ulbra, fundada há 36 anos em Canoas, se expandiu para Cachoeira do Sul, Carazinho, Gravataí, Guaíba, Porto Alegre, São Jerônimo, Santa Maria, Torres e para fora do estado – Amazonas, Goiás, Pará, Tocantins e Rondônia. O desequilíbrio nas contas é atribuído principalmente ao endividamento fiscal, calculado em R$ 2 bilhões, e às dívidas financeiras, contraídas por empréstimos bancários de curto prazo e com juros elevados, que somam R$ 270 milhões. Mas há outras explicações para a crise.

A própria Reitoria admite a desqualificação do seu modelo de gestão e a perda de foco de suas atividades ao investir em outras áreas fora do âmbito educacional como saúde, esporte, rádio, televisão, pesque-e-pague, laboratório farmacêutico. Apesar disso, aponta outros fatores que agravaram a crise nos últimos meses, como a inadimplência dos alunos e a crise financeira internacional que, segundo a Ulbra, inviabilizou a captação de novos recursos junto ao sistema financeiro – uma prática recorrente nos últimos anos.

“A crise existe, mas será superada, porque a Ulbra é muito grande, tem capacidade de reação. É determinação do reitor que sejam tomadas todas as providências para sanar as dívidas e que a Universidade retorne ao seu leito vocacional, que é a Educação”, argumenta o advogado Reginaldo Bacci, consultor contratado para fazer a auditoria nas contas da Universidade e coordenador do Comitê de Gestão Administrativo-financeira.

Segundo ele, os empréstimos bancários são os principais responsáveis pelo comprometimento da receita da instituição ao longo dos anos. Com 152 mil alunos matriculados (143 mil na Educação Superior e 9 mil na Educação Básica), o faturamento mensal da Ulbra é de R$ 60 milhões, frente a despesas de R$ 70 milhões/mês. O endividamento financeiro (empréstimos de bancos estatais e privados) é calculado pela Ulbra em R$ 270 milhões. Somente os serviços desta dívida (amortização e juros) custam mais de R$ 20 milhões por mês, valor equivalente a uma folha de pagamento dos seus professores. No estado, a Ulbra emprega 1.931 docentes na Educação Superior e 118 na Educação Básica.

Do montante de R$ 2 bilhões em dívidas fiscais calculado pela Receita Federal, a Ulbra reconhece somente R$ 400 milhões. Conforme Bacci, o restante está sendo contestado em juízo. O endividamento fiscal a maior, segundo ele, é resultado da cobrança indevida de tributos, pois a Ulbra estaria habilitada como instituição de utilidade pública e sem fins lucrativos. Para a Receita Federal, a falta de regularidade da Ulbra junto aos órgãos públicos federais de aferição das condições institucionais específicas, como título de utilidade pública federal e de instituição filantrópica, justifica a cobrança dos impostos.

Devido ao sigilo fiscal, a Receita não confirma nem desmente o montante da dívida informada pela Universidade, mas admite que todas as ações são passíveis de contestação por parte da Ulbra. De acordo com o delegado-adjunto da Receita Federal em Novo Hamburgo, Renato Bauermann, a maior parte da dívida já foi encaminhada à Procuradoria da Receita para cobrança.


Auditores atuam na instiuição desde abril

O endividamento financeiro e fiscal foi divulgado pela instituição, por intermédio da equipe de auditores que atua desde abril junto à Reitoria para mapear as dívidas e colocar em prática um conjunto de soluções administrativas, financeiras e gerenciais, com o objetivo de viabilizar a Ulbra no curto prazo.

O problema foi admitido pela Ulbra em setembro, em reuniões com a direção do Sinpro/RS, por ocasião da falta de recursos da universidade para o pagamento do salário de agosto dos seus professores. Este foi o quarto atraso do ano e o mais grave momento de inadimplência salarial. Foram pagos com atrasos os salários de março, junho, julho. A folha de agosto foi quitada de forma parcelada. A liquidação ocorreu somente no dia 1º de outubro, às vésperas do vencimento da folha seguinte, e por força de uma ação ajuizada pelo Sinpro/RS. Além disso, a primeira parcela do 13º salário, vencida em 5 de agosto, não havia sido paga até o fechamento desta edição.

De acordo com o auditor, um pacote de medidas já estaria sendo adotado para manter o funcionamento da instituição. A primeira delas é a redução dos serviços da dívida financeira em 75%. “Somente com os serviços da dívida, os custos são superiores a R$ 20 milhões por mês. Precisamos aumentar os prazos de financiamento, que hoje são em média de 18 meses, para cinco anos e reduzir os juros”, explica Bacci. Segundo ele, está em negociação com um banco europeu um empréstimo para garantir as folhas de pagamento de setembro, outubro e novembro. “Queremos garantir os salários para resgatar a credibilidade junto aos funcionários”, completa.

Ainda segundo Bacci, a solução da crise não passa por demissões de professores e funcionários. As medidas anunciadas tratam da redução de custos, aumento da receita, recuperação de créditos e a venda de ativos imobilizados como o Ulbra Saúde, a Basa Participações (fabricante de soros em Caxias do Sul), imóveis, entre outros empreendimentos. “Ao longo da sua história, a Ulbra adquiriu certos ativos que não são da área da Educação, dos quais deverá se desfazer nos próximos 12 meses com o objetivo de recuperar cerca de R$ 500 milhões necessários ao funcionamento da instituição”, projeta Bacci.

PRIORIDADE SALARIAL – De acordo com o diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, agora, a própria Ulbra admite que houve erros de gestão que explicam a origem e o agravamento da crise. “A Ulbra compromete apenas 40% do seu faturamento mensal com a folha de pagamento, o que está bem abaixo da média das instituições de Educação Superior no estado”, exemplifica.

Diante do quadro de generalizado endividamento da instituição, segundo o dirigente, toda a política do Sindicato, incluindo as iniciativas judiciais, visam a garantir que o pagamento dos salários seja a prioridade. Além de manter a pressão para que sejam pagos os salários, a postura do Sindicato é de “acompanhamento ativo de todo o desdobramento da crise, de aprofundamento da compreensão das suas causas” e de iniciativas que visam a defesa dos interesses dos professores. “Dada a cultura da instituição, queremos ver confirmado algum indício de reversão da crise e de materialização dos bons propósitos que nos foram apresentados”, conclui o dirigente.

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MAIS COMENTÁRIOS RECEBIDOS NO ALMA:

- que adianta definição da justiça????fazem anos que colocam uma multa atrás da outra e não dá em nada!!!
Já demitiram todos os funcionários do setor de compras por envolvimento em caixa 2, mas mesmo assim nada...
Não tem jeito...faliu...que Deus olhe pelos funcionários

- A dívida da ulbra é de mais de 2 Bi. Provavelmente ela irá quebrar. O problema de pedir demissão é que o FGTS não está regularizado. Pode isso?

- Pelo Amor de Deus..tiraram minha dignidade, assim como a dos meus colegas, estamos com salário atrazado, décimo terceiro atrazado, mes passado,(setembro) quando houve mais uma vez atrazo de salário, não foi paga a multa, nossas contas atrazam, ficamos com nome de caloteiro, não é nos dado a minima satisfação, muito pelo contrario, nosso nobre diretor, tem a cara de pau de fazer cara feia ao passar pelos corredores...O mesmo diretor que cada vez mais aumenta cobranças com funcionários..Cumprimos nossos compromissos religiosamente com a instituição, pq a mesma não cumpri sua parte conosco?? Duvido que se faltassemos 5, 6 dias de serviço, não seria descontado do nosso salário...Pelo amor de Deus, onde está nossa dignidade???

- A situação que estamos vivênciando nos últimos tempos é vergonhosa, salários atrasados, falta de profissionais e até de condições de trabalho, diga-se de passagem o serviço de higienização foi suspenso na última sexta devido a falta de pagamento. Esta empresa que nos trata sem valor algum, se mantendo no silêncio, ignorando tudo e a todos, quer chegar aonde? Por favor precisamos saber!? O que vem acontecendo é que eles estão nos encurralando cada vez mais sem pensar nas dezenas de pessoas que sobrevivem com este trabalho, e que ficam sem destino sem saber o que fazer, angustiados a cada dia esperando por uma notícia, uma satisfação. Espero que alguem tome vergonha na cara e se manisfeste!

- Olha não dou 3 a 4 meses para ir a falência. Se tiver algum funcionário lendo aqui saia logo de lá, pois o cpd inteiro tá saindo (eles ficam sabendo antes), dae depois que falir imagina como vai ser difícil conseguir serviço dizendo que sua antiga empresa faliu ???
Tá louco, que porcaria fui me meter...

- 2 bi ??? Não vamos exagerar..ok??
Ela deve é 600 milhões...hehehehe
Mesmo assim nunca vou acreditar que vai saldar esta dívida...não quero nem ver a quantidade de gente desempregada na cidade de canoas

- ATÉ QUANDO TODOS VÃO FICAR CALADOS?
E A MÍDIA QUE ADORA FUROS? ESTÁ CALADA, OU COMPRADA?

- Olá pessoal eu sou funcionária dessa empresa do caos....
Venho por meio deste demonstrar toda a minha indignação, essa total falta de consideração com os funcionários esta de mais, onde ja se viu....
Estamos praticamente trabalhando de graça e ainda por cima querem carinha bonita.....
Sinceramente o que vai acontecer com a ULBRA não me interessa, só quero saber dos direitos meus e de meus colegas o resto que se exploda........

- Estamos dia-a-dia sendo cobrados, cumprimos com o nosso dever, mas parece que não temos direito algum.
Temos direito apenas a cobranças? Nosso contracheque aparece com descontos dos pequenos minutos de atrasos (que normalmente, por um cálculo que desconhecemos, são praticamente dobrados - se houve atraso de 1 minuto nos é descontado 1 e alguma coisa) mas nem sinal das multas que nos devem nem 13º. O clima de trabalho esta horrível, pessoas pedem demissão todos os dias sem previsão de quando receberão os valores devidos, e sem reposição estão aumentando a cobrança em cima de quem fica. E o pior, corre na "rádio corredor" que o melhor momento para sair é este. O que estará por vir? O último a sair apague a luz, por favor.
Essa situação não dá mais para aguentar.

- E a prefeitura de Canoas não se importa com uma instituição que possuí mais de 900 funcionários???
Imaginem como vai ficar Canoas com mais de 900 desempregados?!?!?!?
barbaridade

- hahahaha.. Seu Becker vai baixar o cadeião....bem feito.

- ta tudo atrasado até o pessoal do esporte não recebeu, trabalham e não recebem, heheheheh vai fechar

2 comentários:

Anônimo disse...

Tô no barco..o medo com o futuro é constante. Mas por enquanto preciso ficar, afinal precisaria ganhar uns 2 mil por mes para cobrir o desconto que tenho na faculdade e o bom salario, que recebo com atraso, mas recebo. É a velha história: o lucro é privado, o prejuízo, socializado. Quero ver se vou conseguir sair de férias, se vai ter o décimo terceiro...estamos entre a cruz e a espada, sem satisfação, sem consideração alguma. A reportagem foi mto sutil. Esqueceu de citar o reitor megalomaníaco, centralizador e mão de ferro.

Anônimo disse...

Pelo Amor de Deus..tiraram minha dignidade, assim como a dos meus colegas, estamos com salário atrazado, décimo terceiro atrazado, mes passado,(setembro) quando houve mais uma vez atrazo de salário, não foi paga a multa, nossas contas atrazam, ficamos com nome de caloteiro, não é nos dado a minima satisfação, muito pelo contrario, nosso nobre diretor, tem a cara de pau de fazer cara feia ao passar pelos corredores...NÃO SERIA DE ESTRANHAR QUE ALGUÉM QUE ESCREVEU ISSO SERIA ALGUÉM DA ULBRA AFINAL, ELA É CONHECIDA COMO TERCEIRÃO MUITO ANTES DE QUALQUER CRISEA ULBRA TEM É VOLUME, E QUANTIDADE NUNCA FOI SINONIMO DE QUALIDADE, ALIÁS HOJE ELA NÃO TEM A QUANTIDADE, DEIXA OS SEUS A MERCÊ...POR QUE QUALIDADE ESTA É UMA PALAVRINHA QUE ELA DESCONHECE, AFINAL ELA É QUEM MAIS DÁ BOLSAS NO PROUNI, NÃO É MESMO? OU JÁ DEU...SEI LÁ QUANDO UMA UNIVERSIDADE ACEITA DISCENTES QUE ESCREVEM :QUIZER, CONCERTEZA...DEVE-LHE FALTAR MUITO MAIS QUE QUANTIDADE(DINHEIRO), QUALIDADE....