segunda-feira, 21 de abril de 2008

Adeus, colorados!

A vitória de Fernando Lugo acabou com mais de 60 anos de domínio político do Partido Colorado no Paraguai.
Nessas mais de 6 décadas, o país definhou e hoje é considerado o segundo mais pobre da América do Sul.
Mas a vitória do ex-bispo pode se constituir em uma retomada da soberania dos Estados sul-americanos.
Chávez, Rafael Correa e Evo Morales têm efetuado modificações estruturais em seus países buscando uma reconquista da autonomia dos mesmos com relação à dominação internacional (leia-se estadunidense).
E Lugo se elegeu com o discurso de forte valorização da coisa pública paraguaia.
A exemplo de Morales, na Bolívia, com os hidrocarbonetos, o paraguaio vai forçar renegociação com o Brasil no caso da energia de Itaipu.
Os "imperialistas" da mídia corporativa brasileira já estão chiando por aí e colocando o bode na sala cobrando "resposta forte" de Lula...
Bom, o fato é que novos - e bons! - ventos sopram pras bandas da América do Sul.
Como tem muita gente por aqui com alergia a povo e a democracia, vorazes vozes vão se levantar contra essa retomada da autonomia dos países sul-americanos.
Mas são só vozes...
As mudanças nesses países são feitas de ações e os resultados estão sendo visíveis no cenário internacional.
Brasil e Argentina podem se somar ao movimento, mas precisam evoluir a partir dos governos estabelecidos na atualidade.
Lula e a dupla Kirchner apenas são contenção de um pensamento entreguista que tomava conta dos dois maiores países destas plagas.
Agora, com o terreno preparado, com o mar revolto da economia - e das especulações - mais calmo, está na hora de ações mais drásticas no sentido de modificar estruturalmente a realidade destas sociedades.
Mas será possível isso por aqui?
Passa por 2010?
Ou extrapola as fronteiras das eleições?
O fato é que o Brasil foi um dos únicos países em que não houve rompimento com o seu processo de ditadura militar.
O plano seguiu certinho, seus 20 anos, e a distensão lenta e gradual ocorreu sem grandes crises, com o poder passando de mãos militares para civis sem sair da mesma classe.
E isso soma à dificuldade de mudança real, pois é necessário um grande trabalho de reconstrução de conceitos e reconquista do já estabelecido e consolidado em uma sociedade de cultura superficial, deficiente na educação e com o lema do levar vantagem em tudo como dogma principal.
Fica muito difícil quando a esperança fica além fronteira...

Aqui embaixo, via RS Urgente, a história sendo escrita no Paraguai nas letras do Celeuma:

A vitória de Fernando Lugo

Clarissa Pont escreve desde Assunção: “A confirmação da vitória de Fernando Lugo ocorreu por volta das nove horas da noite de domingo, quando os dez pontos percentuais de diferença que separavam a Aliança Patriótica para a Mudança do Partido Colorado indicavam ser inviável uma reviravolta nos resultados. Neste momento, observadores internacionais presentes no Hotel Granado, centro de Assunção, onde Lugo concedeu a primeira coletiva de imprensa como virtual presidente, estavam atentos à contagem de votos transmitida pela televisão”.

No mesmo hotel, Fernando Lugo concedeu uma coletiva de imprensa na qual foi apresentado como virtual presidente. “Há alguns meses, nenhum de nós sonhava que isso poderia ter acontecido. Um grupo de sonhadores políticos colocou o país em primeiro lugar”, disse.
(Foto: Eduardo Seidl)


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