sexta-feira, 18 de abril de 2008

Por favor, né?! Não tem mais nada acontecendo no Brasil?

Segue um apanhado de trechos que me chamaram a atenção no meio de alguns artigos do Terra Magazine:

de Cláudio Leal

"Assassinos! Assassinos! - Uma senhora se enrosca num poste e dá uma parcela de sua voz: "Assassinos!". Berros do coro greco-paulista em novo clímax da tragédia da garota Isabella, que caiu do apartamento do pai, na zona norte de São Paulo, em 29 de março. A rua do 9º DP, no bairro do Carandiru, volta a ser palco, e tribunal...
...Potentes carros da polícia paulista envolvidos na operação sugerem que a segurança pública da capital se limita, hoje, ao depoimento-espetáculo...
...E mais "assassinos!". Outros sorrisos. Inseparáveis. O casal já entrou na delegacia, mas a folia do depoimento ainda motiva gritos. Jornalistas se encaixam em qualquer fresta suficiente para registrar o menor movimento. Habilidade semelhante à de um atirador de elite. O número de repórteres, cinegrafistas, produtores e fotógrafos, às 10h40, supera o de curiosos"...


de Diego Salmen

"Em frente à delegacia, uma manada de repórteres, cinegrafistas e produtores à cata de informações. São mais de 30 carros de reportagem; estima-se mais de 100 profissionais em ação. Câmeras, gravadores e microfones em punho, trocam idéias entre si enquanto esperam, pacientemente, pela chegada do casal...
..."Parece um show", critica a cabeleireira Jerry, dona de um salão em frente ao distrito e que vem sendo utilizado pela imprensa para a captura de imagens no local. Na assistência, quatro helicópteros sobrevoam a área em busca do melhor ângulo...
...Jerry cobrou aproximadamente R$ 500 de cada uma das equipes instaladas na varanda do estabelecimento. "É, foi por aí", desconversa sobre o valor, rindo. Estavam presentes Gazeta, Band, Globo, Record e Grupo Estado"...
...João e Chico vendem chapéus e cintos em frente ao DP por R$ 15 cada. Os chapéus são de lona, os cintos de couro. Ele não contava, no entanto, com a avareza da classe jornalística. "Não vendeu nada", resigna-se João...
...- Olha a água, água, água! Água é R$ 1,50 e refrigerante é R$ 2, olha a água, água, água - grita outro vendedor"...


E tá feito o circo! Enquanto isso outras crianças inocentes continuam morrendo no anonimato. Infelizmente a única que lucra com isso continua sendo a imprensa criminosa.

12 comentários:

Unknown disse...

Caro Amigo. Isso que você relata não e privilégio do Brasil. Pessoas voltando a atenção exagerada para um único acontecimento como se fosse a coisa mais importante a se dar atenção. Isso é muito comum em outros países, principalmente do primeiro mundo. As pessoas querem ter seu momento de fama, querem ter a sua participação em algo "importante" mesmo que seja como "figurino".

Anônimo disse...

Pois é. Terminou o Big Brother, a imprensa precisa entreter o público com algum espetáculo mórbido. Melhor desligar a tv e ler um livro...

Anônimo disse...

é isso ai. seria muito bem feito se por um milagre descobrissem que eles(pai,madrasta)fossem inocentes.i ai como seria?como ficaria esse povo todo? quem iria pra forca agora? afinal o chow tem que continuar.não importa a que custo.

Anônimo disse...

Leila, se eles forem inocentes, será ótimo, pois deixaria de queixo caído, algumas pessoas desocupadas, que passam o dia na frente das casas dos suspeitos pelo assassinato da menina. Eles serão julgados e culpados dentro da justiça. E acho extremamente lamentável que parte da TV utilize esse triste fato para fazer sensacionalismo e obter Ibope. Isso é baixo, claro que é preciso tratar desse assunto, mas não precisa desse sensacionalismo, pois isso é algo oportunista. Acho lamentável. E é triste ver como essa gente, que possui uma capacidade incrível de julgar acontecimentos do tipo, não possuem a mesma capacidade crítica na política e economia brasileira. Afinal, em São Paulo, Clodovil foi eleito deputado federal, só para terem uma idéia. Porém, fica extremamente complicado cobrar isso, quando ouço uma pesquisa, numa rádio aqui em São Paulo, em que o repórter perguntava a estudantes que completaram o ensino médio, qual era a capital do Brasil, e não sabiam. Então, o caso é grave, como é que pessoas que nem sequer sabem qual é a capital do país, podem ter um senso crítico do desenvolvimento social do país. Culpa de quem aceita esse comodismo e da baixa qualidade no ensino público (no RGS ainda é melhor, fiz ensino médio no Paula Soares, ao lado de onde está a Yeda), somado a outros fatores. Mas aí, é aprofundar demais o tema. Apenas acho lamentável que esse triste caso, de uma menina que tinha uma vida pela frente, seja abordado como espetáculo em algumas mídias. Saudações.

Unknown disse...

Concordo com a opinião do Sandro. Isso não é típico do nosso país, exemplo mais recente é o caso "Find Madeleine", da menininha desaparecida em Portugal. Quantas crianças não desaparecem no mundo? E quantas não são assassinadas? E quantas não passam por milhares de outras situações horríveis?
A mídia se ocupa com pequenos casos para alienar a população, fazer "novelas" que simplesmente prendem os telespectadores.
É "confortante" pensar que no caso de Isabela está se fazendo justiça. Mas é triste pensar que a justiça não é para todos em nosso país e que milhares de casos semelhantes vão ficar anos parados devido a inércia jurídica do Brasil.

Kayser disse...

A pior cena que eu vi neste caso foi a de um japonês, pai de um menino que foi morto anos atrás pelo caseiro ou algo assim. Morreu a tal Isabella e lá estava o japa dando entrevista pra TV. E não foi a primeira vez! Não tem mais o que fazer o cara? Que morbidez! Morre alguém e lá está o japa, falando que compreende a dor dos familiares e tal. Papagaio de pirata profissional e necrófilo!

Anônimo disse...

Alem do aspecto sensasionalista e da midia, há que se lembrar da mae e dos familiares, que na têm nada a ver com o assasinato, num momento de dor tem reporteres por todos os lados, como urubus na "carniça", ligam a televisao e internet, veem fotos e imagens da menina por todos os lados, quando o que mais querem é consumir a dor e continuar com a vida, algo dificil de se fazer nesta situação. Cada dia que esse pais torna-se mais e mais decepcionante.

Anônimo disse...

Mídia demente. Povo demente. Depois não entendem porque assassinatos desse tipo acontecem. Numa sociedade de dementes, onde tudo vira mercadoria e espetáculo, o resultado só pode ser esse mesmo.

Anônimo disse...

Esse é o "fato-ônibus" ao qual se refere Pierre Bourdieu em "Sobre a Televisão".
Lembra muito o filme "O Quarto Poder", do Costa-Gavras, quando um simples incidente toma grandes dimensões.
http://caouivador.wordpress.com/2008/04/11/caso-isabella-o-fato-onibus/

Abraços

Anônimo disse...

Muito bem senhores! Que legal, todo mundo comenta, diz o que pensa! Que bom que pelo menos na internet todo mundo comenta e diz o que pensa e pode ser lido por qualquer pessoa. Ainda bem que não dá pra fuzilar alguém apenas postando um comentário por exemplo, tal como: "Enviar uma bomba para o IP 168.532.574.32" aperta enter e lá esta, o computador explode na cara do internauta. Teria muita gente que não ia nem comentar certas coisas por aqui também...

Anônimo disse...

......é realmente a mídia tem um poder fantástico, tem aqueles que assumem que assitam BBB na globo e outros que somente critícam e não conseguem assumir isso, o que não passa de uma grande hipocrisia, pois estes que dizem não aguentar mais, "pó meu" desliguem a tv, naveguem na internet, leiam um bom livro... mas não percam tempo escrevendo, criticando...dá um tempo, cuidem da sua vida pois existe um negócio chamado liga/desliga, ok, ADMITAM QUE LEEM E SE INTERESSAM PELO QUE ESTA NO AUGE OU PROCUREM O QUE FAZER.

Anônimo disse...

É... vendo tudo isso fico imaginando que todo meio de comunicação fica anciosamente esperando um acontecido desses...sim, não podemos negar que isso desperta a atenção de todos, mas com toda essa coriosidade acabamos esquecendo, que uma Mulher Perdeu sua filha, e precisa de paz para suportar a dor da ausência, quando vejo ela dando entrevista, sinto que ela tenta manter a postura,e até consegue dar vida a um sorriso, mas na verdade ela vive em um planto que não parece ter fim por dentro, como uma tempestade que não passa, só que nós, a Televisão o Radio e o povo não enchergamos que somos a tempastade!